• 29 de abril de 2024

ONDE FOI PARAR O VÍRUS? | Coréia do Norte intriga líderes mundiais devido a falta de casos de covid

Quando o neurologista Choi Jung Hun tratava pacientes na Coreia do Norte, ele tinha de providenciar o próprio equipamento de higiene médica. “Pediam-me que comprasse máscaras cirúrgicas e luvas para mim mesmo”, relata em entrevista concedida por Skype, ao se recordar de como não havia nenhum equipamento de proteção para os médicos.

Embora não haja como verificar a veracidade do seu relato, ele é semelhante ao de outros vindos do país asiático, o mais isolado do mundo.

Choi fugiu para a Coreia do Sul em 2012. Até então, ele trabalhava no Centro de Controle de Doenças na cidade portuária norte-coreana de Chongjin. Como jovem médico, ele acompanhou de perto a epidemia de Sars, entre 2002 e 2003. Na época, ele não tinha muito mais do que um termômetro para fazer diagnósticos.

Ô agora desertor é pesquisador convidado da Universidade da Coreia em Sejong. Um homem esguio e de rosto sério, Choi considera mera propaganda que a Coreia do Norte tenha sido poupada da pandemia de coronavírus – conforme relatado pela mídia estatal. Principalmente por ter uma fronteira de 1.400 quilômetros com a China, principal parceiro comercial da Coreia do Norte, ter ficado aberta até o fim de janeiro.

Choi afirma que a covid-19 provavelmente entrou no país naquela época. “Claro que pessoas morreram de coronavírus na Coreia do Norte”, diz enfaticamente. Não é nada incomum morrer em decorrência de um vírus na Coreia do Norte, acrescenta, mesmo de alguns que não matam em outras partes do mundo. “A Coreia do Norte é um museu de vírus.”

Ele diz não ficar surpreso por o regime afirmar persistentemente que conseguiu conter a covid-19. “O sistema de saúde é muito precário. Eles não querem mostrar isso para o mundo.” E há uma razão a mais: a mensagem que isso enviaria à população.

No entanto, em 25 de agosto, o comitê central do Partido dos Trabalhadores da Coreia se reuniu pela terceira vez em poucas semanas, sob a liderança de Kim Jong-un. Com uma franqueza pouco comum, ele lamentou “falhas” e “deficiências” na luta contra o vírus.

“Se ficar claro que o sistema de saúde não pode cuidar da população, as pessoas perderão a confiança no governo. Isso significaria que o sistema não é infalível”, explica Choi.

A mídia estatal norte-coreana tem falado muito sobre a pandemia. Há atualizações diárias que sugerem que o regime está fazendo todo o possível para proteger a população: “Medidas contra a epidemia são fortalecidas ainda mais”, “Campanha nacional contra a epidemia é intensificada”, “Ação rápida para enfrentar a epidemia” são algumas manchetes dos últimos dias.

(Matéria adaptada da Deustche-Welle)

Expressão Brasiliense

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