Bolsonarista declarado, o ex-campeão mundial de fórmula 1, Nelson Piquet, terá que se explicar à Polícia Federal sobre a declaração dada em que sugere a morte do presidente eleito do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. O procurador da República Paulo Roberto Galvão de Carvalho, do Ministério Público Federal (MPF) em Brasília, pediu, na quinta-feira (3), à PF a abertura de inquérito para investigar a conduta de Piquet.
O ex-piloto participou das manifestações conduzidas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que não aceitam o resultado das eleições deste ano. Nelson Piquet nunca escondeu ser um apoiador de Bolsonaro. Na campanha, ele inclusive doou R$ 500 mil para o candidato derrotado.
Em vídeo que circula nas redes sociais, Piquet cita o lema bolsonarista, “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, com a frase “Lula no cemitério”, seguida por palavras de baixo calão.
Veja a seguir o vídeo:
O MPF considerou que as falas do piloto tiveram a intenção de “incitar a prática de atos concretos de violência contra o governante eleito”. O procurador Galvão de Carvalho determinou que a PF colha o depoimento de Piquet.
“As declarações proferidas por Nelson Piquet, em análise preliminar, aparentam não se limitar a meras expressões de opinião a respeito do governo eleito – situação em que seriam constitucionalmente asseguradas -, podendo constituir de forma concreta formas de incitação dirigida à população em geral, voltadas tanto à prática de violência contra o candidato eleito, assim como à animosidade entre as Forças Armadas e os poderes constituídos”, escreveu o procurador.
Em seu despacho, Galvão de Carvalho alerta que as falas de Piquet poderiam incitar a deposição do governo eleito. Para ele, o piloto xingou Lula na gravação e disse que os manifestantes iriam tirar o presidente disso (Presidência). O procurador reforça no texto que parte dos manifestantes defende a intervenção das Forças Armadas para impedir a diplomação e a posse do petista.
Nelson Piquet não se manifestou até o momento sobre a abertura de inquérito pela PF, por determinação do MPF, sobre sua declaração contra o petista.
Do lado do presidente eleito, não houve nenhuma manifestação sobre o episódio envolvendo o tricampeão de F1.
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