A Polícia Civil do DF faz nesta terça-feira (7/8) operação contra denúncia de tráfico de influência e advocacia administrativa envolvendo integrantes do governo de Rodrigo Rollemberg (PSB). Estão sendo cumpridos 15 mandados de busca e apreensão, em Brasília e em São Paulo, autorizados pela 4ª Vara Criminal de Brasília. Há equipes da PCDF no Palácio do Buriti, sede do GDF (foto em destaque).
Entre os alvos, estão o assessor especial da Casa Civil Marcello Nóbrega; o administrador do Lago Norte, Marcos Woortmann; Leonardo Rocha de Almeida Abreu, irmão do chefe de Gabinete da Casa Civil, Guilherme Rocha de Almeida Abreu; Luiz Fernando Messina, ex-assessor do deputado distrital Rodrigo Delmasso (PRB); e Hermano Gonçalves de Souza Carvalho, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico da gestão de Agnelo Queiroz (PT).
Também está na mira da operação, batizada de (12:26), Marcelo Carvalho de Oliveira, ex-executivo do grupo Paulo Octávio, um dos donos do Shopping Iguatemi. A PCDF apura irregularidades para mudança de destinação de uma área para ampliação do centro comercial, no Lago Norte.
De acordo com a Polícia Civil, representantes do shopping estiveram no Palácio do Buriti duas vezes entre 2016 e 2017 para conseguir aumentar a área de ocupação do empreendimento, mesmo em desacordo com a Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos).
Há suspeita também de favorecimento em pagamento de dívidas pela Secretaria de Saúde a hospitais particulares e de ilegalidades em contratos firmados pela Casa Civil. As investigações mostram que, em 2015, teria sido paga a quantia de R$ 1 milhão “a título indenizatório e sem cobertura contratual” ao Hospital Home.
“Os elementos informativos coligidos indicam que o acordo ilícito entre os investigados está assentado de forma duradoura, haja vista a existência de atos concretos de crimes praticados por eles há aproximadamente três anos, os quais constituem objeto de Inquérito policia”, destaca a Polícia Civil.
Ainda de acordo com a corporação, os indícios do tráfico de influência foram identificados durante investigação de suposta fraude ocorrida na concessão do serviço de transporte público coletivo do Distrito Federal. O nome da operação (12:26) faz referência ao provérbio bíblico do Antigo Testamento que diz: “O homem honesto é cauteloso em suas amizades, mas o caminho dos ímpios o leva a perder-se”.
A operação conta com a participação da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social (Prodep) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Durante as investigações, a PCDF descobriu indícios de que Luiz Fernando Messina participou de esquema com os demais envolvidos para buscar vantagens no GDF em negócios privados.
O outro lado
O Metrópoles acionou a assessoria do Palácio do Buriti. O órgão informou que só se manifestará após entrevista a ser concedida pela Polícia Civil, marcada para a manhã de hoje.
O deputado Rodrigo Delmasso disse, por meio de nota, que determinou a exoneração do Hermano Gonçalves, “pois não oriento e não tolero nenhum tipo de desvio de conduta dos meus assessores. Meu mandato é exercido pautado na ética, transparência e legalidade”.
A reportagem tenta contato com os demais citados.
Deputado Delmasso (PRB)
Operador da propina
Denúncias contra Marcello Nóbrega não são novidades no governo Rollemberg. Ele foi investigado na CPI da Saúde, em 2016, por suspeita de favorecimento na liberação de recursos oriundos de emendas parlamentares a hospitais particulares.
Marcello Nóbrega teve o nome mencionado em conversas gravadas pela presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, sobre uma suposta corrupção em contratos do governo. Segundo depoimento da sindicalista à CPI da Saúde, Nóbrega seria um dos operadores do esquema. Por conta das denúncias, ele também entrou na mira da Operação Drácon, que investiga a destinação de emendas parlamentares em troca de propina.
Segundo Marli Rodrigues disse à CPI, Marcello Nóbrega teria sido indicado pela primeira-dama Márcia Rollemberg e era quem segurava os processos e atrapalhava o trabalho dos secretários que passaram pela pasta. Ele também foi o responsável, de acordo com Marli, por rasgar uma nota de empenho da compra de marca-passos, que posteriormente acabaram sendo adquiridos com valor acima do mercado.
À CPI, na época do seu depoimento em 2016, Nóbrega negou qualquer irregularidade. A proximidade dele com o comando do Buriti, entretanto, foi reforçada pelo depoimento do ex-secretário de Saúde Fábio Gondim à CPI. Ele sugeriu que desentendimentos com o subsecretário motivaram sua saída do cargo.
Ao ser indagado pelos distritais sobre os motivos de sua curta permanência à frente da secretaria, Gondim relatou que não gostava da “postura agressiva” de Nóbrega com alguns servidores. Segundo ele, Nóbrega não perdia a oportunidade de mostrar ostensiva aproximação com o governador Rodrigo Rollemberg.