O cozinheiro Marinésio dos Santos Olinto será levado para a 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) nos próximos dias. A data exata, contudo, ainda será definida. Mulheres que procuraram a unidade para denunciar o maníaco farão o reconhecimento do homem.
A polícia organizará um esquema de segurança, possivelmente com o apoio de homens da Divisão de Operações Especiais (DOE). O objetivo é evitar que o clamor da população por justiça se transforme em uma tentativa de agressão a Marinésio, que confessou ter matado Letícia Sousa Curado, 26 anos, e Genir Pereira de Sousa, 47, com as próprias mãos, por esganadura. Esses crimes foram cometidos neste ano, em 23 de agosto e 2 de junho, respectivamente.
Uma mulher que procurou as autoridades recentemente, para denunciar que teria sido atacada pelo maníaco, também será ouvida na delegacia e participará do reconhecimento. Ela supostamente foi atacada na região do Paranoá.
Os investigadores querem evitar que casos de desaparecimento ou de estupro cometidos por outros suspeitos sejam direcionados a Marinésio. “É natural que, com a grande repercussão, ocorrências sem elucidação comecem a ser revistas. No entanto, o trabalho precisa ser feito com muito cuidado, para que a autoria seja apontada com exatidão”, explicou uma fonte policial ouvida pela reportagem e que pediu para ter o nome preservado.
Nos últimos dias, Marinésio revelou aos investigadores detalhes da rotina que levava em Planaltina antes de ser preso no último domingo (25/08/2019). Ele afirmou que tinha o hábito de pegar o carro nos dias de folga e circular pela cidade, atrás de mulheres. Contou que costumava abordar as que estavam sozinhas em paradas de ônibus.
Na versão dada aos policiais, ele ressaltou que oferecia carona para a Rodoviária do Plano Piloto e, no trajeto, assediava as vítimas. Pelas contas do maníaco, seriam pelo menos 10. Entretanto, ele negou estar envolvido em outras mortes, além das de Letícia e Genir, ou estupros.
Mais depoimentos
Nessa quinta-feira (29/08/2019), Marinésio prestou depoimento por cerca de nove horas na Divisão de Repressão a Sequestros (DRS). A especializada apura o desaparecimento da empregada doméstica Gisvênia Pereira dos Santos, 33 anos. O maníaco negou envolvimento no caso e disse não conhecer a moradora do condomínio Nova Colina, em Sobradinho. No entanto, informações complementares prestadas por ele serão alvo de novas diligências.
Gisvênia foi vista pela última vez em 6 de outubro de 2018, em um posto de combustíveis da BR-020. Desde então, o caso tem sido tratado com prioridade pela DRS. Outros possíveis suspeitos já foram interrogados. Os detalhes da investigação, no entanto, não podem ser revelados, pois o inquérito segue em sigilo.
A polícia apura também a participação de Marinésio em outros ataques. Os crimes variam entre assédio, sequestro, estupro e homicídio. Os investigadores da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) trabalham para encontrar elementos que possam associá-lo aos supostos crimes, cometidos desde 2012, ou descartar o envolvimento dele nessas ocorrências.
Policiais ouvidos pela reportagem afirmaram que, durante as oitivas, Marinésio não demonstrou arrependimento ou remorso por ter cometido os crimes. Lamenta por ter sido preso e pelas consequências da exposição dos fatos, principalmente por colocar como alvo da ira de populares a mulher e a filha.
Enquanto os casos não são relatados e remetidos à Justiça, o acusado segue preso na carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE). Após ser ameaçado por outros internos, precisou ser isolado. O cozinheiro recebe apenas a visita do advogado.
Fonte: Metrópoles