TRE-DF divulga perfil do eleitorado brasiliense e dirigentes partidários recalculam quocientes das eleições deste ano
Na última terça-feira, dia 7 de junho, o Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) divulgou o perfil do eleitorado brasiliense apto a comparecer às urnas neste ano para escolher os seus representantes nos Legislativos e quem vai governar a capital do Brasil de 2023 a 2026. De acordo com o TRE-DF, após reunir os dados preliminares do cadastro eleitoral do DF, 2.205.596 eleitores poderão votar no dia 2 de outubro. Em comparação ao pleito anterior, em 2018, foi constatado um crescimento de quase 10%.
A divulgação desses dados propicia aos dirigentes partidários e estrategistas se debruçarem sobre eles e fazer projeções, principalmente, os cálculos dos quocientes partidário e eleitoral que são os métodos aplicados pela Justiça Eleitoral para definir a quantidade de votos necessários para preencher as vagas da Câmara dos Deputados e da Câmara Legislativa.
Quociente para federal
Considerando os números apresentados pelo TRE-DF já é possível realizar esses cálculos. Por exemplo, a bancada do DF possui oito cadeiras na Câmara dos Deputados. Aplicando a fórmula do quociente eleitoral (QE) que é a divisão do número de votos (V) válidos pela quantidade de cadeiras (C) se obtém o seguinte resultado: 2.205.596 (V) / 8 (C) = 275.699 (QE). Ressaltamos que o cálculo foi realizado considerando que todos os eleitores compareceram às urnas no dia. Portanto, para cada partido eleger um deputado federal será necessário que os noves concorrentes da chapa obtenham juntos mais de 275 mil votos.
Para distrital
Ao aplicar a fórmula para CLDF, onde a quantidade de cadeiras é maior, chega-se a seguinte solução: 2.205.596 (V) / 24 (C) = 91.899 (QE). Considerando esse resultado, cada partido com seus 25 candidatos precisa chegar perto dessa marca para conquistar uma das 24 vagas.
Quociente partidário
Já o quociente partidário (QP), como é possível identificar pelo próprio nome, é utilizado para calcular quantas vagas cada partido vai ocupar. A fórmula consiste na divisão da quantidade de votos do partido (VP) pelo quociente eleitoral (QE) ou QP = VP / QE. A legenda que não atingir o quociente eleitoral não tem direito a uma vaga.
Distribuição das sobras
Com a recente alteração na legislação, só podem concorrer à distribuição das “sobras” (vagas que não foram preenchidas) os candidatos que obtiverem votos equivalentes a pelo menos 20% do quociente eleitoral e os partidos que conquistarem um mínimo de 80%. Antes, todos os partidos podiam participar dessa distribuição.
Vale ressaltar que esses métodos citados pela coluna O Fino da Política são aplicados pela Justiça Eleitoral apenas para os cargos do sistema proporcional.
Abstenção alta
Em 2018, a quantidade de eleitores que deixaram de votar passou dos 18% nos dois turnos. É possível que a abstenção siga nesse patamar ou até mesmo cresça, considerando que essa movimentação do eleitor brasiliense em não ir às urnas vem oscilando desde as eleições de 2010. Se aplicar esse mesmo percentual nos cálculos realizados por esta coluna, o quociente eleitoral tem uma redução considerável.
O temido 20%
Diante das mudanças nas regras eleitorais, para se eleger federal ou distrital, o candidato terá que atingir ao menos 20% dos votos válidos para garantir a sua cadeira. Com base nas informações do TRE-DF e projetando uma abstenção de 18%, que tem o desejo de se eleger ou reeleger para deputado federal terá que alcançar a marca dos 36 mil votos e o partido obter mais de 180 mil votos.
Já para se eleger ou reeleger distrital, o candidato precisa ultrapassar a casa dos 12 mil votos e a legenda bater mais de 60 mil votos nas urnas.
Disputa acirrada
A partir da divulgação desses dados pelo TRE-DF, segundo informações de bastidores, tem muita gente que ficou preocupada, pois muitas legendas não se preocuparam em filiar possíveis candidatos que possam garantir votos nas urnas. Tem muito partido que resolveu apostar em marinheiros de primeira viagem e vai naufragar junto com eles em outubro.
A disputa deve se concentrar em candidatos que possuem mandatos e naqueles que já vem tentando há muito tempo, além dos que querem voltar. Amadores não terão vez neste ano. A briga pelas vagas na Câmara dos Deputados e da CLDF aqui na capital promete ser boa.
Arruda já está nas ruas fazendo pose
O tititi em torno do possível retorno do ex-governador José Roberto Arruda, do PL, para a política segue movimentando os bastidores. Ao circular com a esposa, a deputada Flávia Arruda, presidente do PL e pré-candidata ao Senado, durante o sábado (11), nas feiras do Produtor e Central, em Ceilândia, Arruda sinaliza que já está nas ruas em busca de eventuais apoios caso seja liberado pela Justiça.
O ex-governador está tentando reaver seus direitos políticos após ter sido abatido pela Operação Caixa de Pandora em 2009. Arruda continua inelegível, mas nos bastidores há a especulação de que ele vai peitar a Justiça.
Ainda não se tem relatos de que José Roberto Arruda esteja falando abertamente que é candidato ao GDF, mas só o fato de sair da toca depois desses anos todos levantam suspeitas quanto a sua conduta, principalmente, por parte da cúpula do GDF.
Aliança mantida
A coluna O Fino da Política apurou que até o momento, a aliança entre Ibaneis Rocha, atual governador do DF e pré-candidato à reeleição pelo MDB, e o casal Arruda está mantida. “Aliança permanece”, garantiu uma fonte governista.
De olho bem aberto
No entanto, todas essas movimentações do ex-governador Arruda estão sendo acompanhadas de perto, principalmente, as que são executadas nos bastidores. Tem gente de olho bem aberto.
As contradições de Leandro Grass
O pré-candidato ao GDF da Federação PT-PV-PCdoB, Leandro Grass, do PV, é um político bastante contraditório. Durante a semana, ele publicou vídeo em suas redes sociais criticando as políticas e programas sociais implementados pelo atual governo. Opositor de Ibaneis Rocha, Leandro só se esqueceu que ele mesmo não fez o dever de casa. Nesses mais de três anos e poucos meses como deputado distrital, Grass procurou destinar recursos para a cultura, para a saúde, menos para a área social.
Emendas para a cultura
De acordo com o site Sisconep (Sistema de Controle de Emendas Parlamentares), Grass destinou R$ 1,465 milhão para projetos culturais em 2022. No ano passado, mais R$ 1,768 milhão para o fomento da cultura. Em 2020, foram mais de R$ 1 milhão. E em 2019, ele destinou mais de R$ 300 mil para projetos culturais.
Menos para o social
As demais emendas de Leandro Grass foram destinadas para outras áreas, porém, nenhuma delas para o desenvolvimento social do Distrito Federal de acordo com o Sisconep. A falta de compromisso com o social mostra que Grass gosta de jogar para a plateia. Poderia ao menos reconhecer, que mesmo não tendo ele ajudado, o GDF conseguiu atender milhares de famílias carentes com seus programas sociais em tempos de pandemia. É muito fácil atirar pedra pelas redes sociais sem olhar para o seu próprio canteiro.
Celina na Cúpula das Américas com Bolsonaro
A deputada Celina Leão, presidente do Progressistas-DF, esteve acompanhando o presidente Jair Bolsonaro, do PL, na reunião da Cúpula das Américas, que foi realizada em Los Angeles, Estados Unidos, durante a semana passada. Celina participou de eventos com Bolsonaro juntamente com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que integra o Progressistas de Alagoas. A leoa está com a moral alta tanto no Congresso como no Palácio do Planalto. Já tem deputada do DF com ciúmes.
Fim do saidão
A ex-secretária de Justiça e Cidadania do DF e pré-candidata a deputada federal pelo PL, Marcela Passamani, lançou uma campanha nas redes sociais para que a Câmara dos Deputados vote o PL 360/21, de autoria do deputado Neucimar Fraga, do PP-ES, que acaba com a possiblidade de concessão de saída temporária para os condenados que cumprem pena em regime semiaberto, o famoso “saidão”.
Passamani tem utilizado como referência o caso de Suzane von Richthofen, que assassinou os pais enquanto dormia e teve direito ao “saidão” do Dia das Mães. Veja aqui a petição online encabeçada pela ex-secretária.
Homenagem aos profissionais da mídia alternativa
Na próxima terça-feira, dia 14 de junho, às 19h, a Câmara Legislativa do DF (CLDF) vai homenagear os profissionais de imprensa da mídia alternativa do DF. A iniciativa da Sessão Solene é do deputado Hermeto, do MDB. Durante a sessão, jornalistas e profissionais dos veículos de comunicação do segmento serão agraciados com uma Moção de Louvor.
Frase do Fino
“Nós queremos muito que o eleitor possa ir exercer o seu direito de votar. É muito importante. Este é o momento em que cada um de nós vale um voto. Cada um de nós vale exatamente a mesma coisa”, Pedro Yung-Tay Neto, juiz auxiliar da presidência do TRE-DF.
* José Fernando Vilela é jornalista com especialização em Marketing Político e Eleitoral e trabalhou em diversos órgãos públicos (GDF/CLDF/Câmara/Senado) e iniciativa privada. É editor-chefe, analista político e colunista do portal Expressão Brasiliense. É o atual presidente da ABBP – Associação Brasileira de Portais de Notícias.
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