Parceria entre militares e líderes do Centrão mudam postura do governo Bolsonaro
Quando a aproximação entre a ala militar da cúpula do governo Bolsonaro e os líderes do Centrão teve início, o burburinho e as especulações nos corredores e rodas de conversas no meio político de Brasília sobre qual seria o final dessa parceria, geravam dúvidas quanto ao sucesso dessa aliança. Eu mesmo pensei que não duraria muito. No máximo, um mês.
O ex-governador de Minas e ex-banqueiro Magalhães Pinto, lá atrás, definiu muito bem como era e continua sendo a política brasileira. “Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”. O que era impensável, hoje é uma realidade. O Centrão está cada vez mais atuando no Congresso, sob a batuta dos militares, para atender os interesses do governo Bolsonaro. Na semana que passou, a retirada de Guedes de uma entrevista por um militar e um líder do Centrão, deixou nítida que a união está dando certo. Comenta-se que essa parceria foi o que “segurou as pontas” da família presidencial, que se diz perseguida pela grande mídia que está sempre noticiando os feitos do passado dos Bolsonaros.
Quem cobre as movimentações políticas no parlamento brasileiro reconhece que houve uma mudança de postura tanto do Bolsonaro pai, quanto dos Bolsonaros filhos, desde que o genro de Silvio Santos, deputado Fábio Faria (PSD-RN), assumiu o Ministério das Comunicações e passou a controlar essa parte do governo federal. Dizem que o ministro Fábio e os ministros-militares possuem uma relação que ultrapassam os gabinetes do Planalto. Como diz o ditado popular: parceiro é parceiro, …. (o resto você sabe).
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O café de Alcolumbre e Maia esfriou
Dizem que quando um projeto de reeleição não é bem sucedido, assim que o perdedor começar a limpar as gavetas, o café servido passa a ser frio, pois ninguém mais vai bajular que não está mais com o poder. A tentativa do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) e do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente do Senado e do Congresso e presidente da Câmara, respectivamente, emplacar mais dois anos dando as ordens no parlamento brasileiro “deu com os burros na água”. Ambos perderam força.
Quase que a MP 971/2020 não passa pela Câmara
Durante a votação da medida provisória 971/2020 na Câmara dos Deputados, na última segunda-feira (21), os parlamentares da bancada do Distrito Federal demonstraram maturidade ao se unirem para que a proposta de reajuste da Polícia Civil, PM e Corpo de Bombeiros do DF fosse aprovada pelos colegas. Houve tentativa de retirada da MP da pauta, mas o barulho feito pelo partido Novo, com a ajuda de deputados do DEM e PSDB paulista, não prosperou e a matéria foi aprovada. Já no Senado, a MP foi aprovada por meio de votação simbólica sem maiores percalços.
Ainda bem que as diferenças ideológicas foram deixadas de lado porque teve até deputado que foi salvo no debate por parlamentar da oposição. Colocaram o fanfarrão para ser protagonista, mas quase saiu como bobo da corte. Teve a sorte de aparecer “uma mulher do grelho duro” para tirá-lo da enrascada já que a retórica não é o seu forte.
A partir desta semana, Brasília será esquecida pelos parlamentares até o fim das eleições municipais
O ritmo das sessões e votações no Congresso Nacional deve, obrigatoriamente, diminuir daqui para frente. Com o início das eleições municipais, deputados e senadores vão concentrar seus esforços para eleger prefeitos e vereadores aliados para que no futuro o gesto seja retribuído em apoio à reeleição. Os que não estiverem envolvidos é porque já não querem mais atuar na política, o que é raro, mas tem uma meia dúzia que vai tirar o time de campo em 2022. Portanto, a partir de agora ver um deputado ou senador em Brasília será um caso raro, salvo, quando o governo Bolsonaro precisar ser socorrido. Fora isso, esquece. Até os parlamentares do DF, que é a única unidade da Federação que não tem eleição municipal, estão de olho nas movimentações políticas da região do Entorno, composta por cidades goianas e mineiras, durante esse período.
Começou a corrida pela vaga de Celso de Mello no STF
A fofoca do momento é saber quem será o futuro ministro “terrivelmente evangélico” a ser indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF) para a vaga de Celso de Mello, que jogou a toalha antes do tempo. Como o ministro Celso tinha o hábito de ser um crítico ferrenho a gestão do presidente Bolsonaro, era esperado que ele fosse até o fim. Ao pedir para sair, Celso de Mello surpreendeu a todos e antecipou a disputa para a sua cadeira. O problema que Bolsonaro tem várias alas políticas dentro de seu governo. Tem evangélicos, militares, ideologistas, governistas, centristas e por aí vai. Com certeza, cada grupo vai puxar a corda para o seu lado. Conseguir emplacar um ministro no STF pode ajudar lá na frente quando surgirem os conflitos jurídicos.
Para Refletir
“Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder”, Abraham Lincoln (1809-1865), ex-presidente dos EUA.