Kassab empareda PO e estabelece metas para o PSD-DF cumprir em 2026
As articulações e movimentações de dirigentes de partidos políticos para as eleições de 2026 estão acontecendo a todo vapor na capital federal. Entre as siglas que começaram a se organizar está o PSD, sob o comando do ex-vice-governador do DF, o empresário Paulo Octávio, desde 2020. Na eleição passada, o PSD conquistou duas cadeiras de distrital na Câmara Legislativa e teve um desempenho pífio nas urnas na disputa para deputado federal, e o PO foi um dos candidatos derrotados na corrida ao Buriti. Como estamos em ano pré-eleitoral, o presidente nacional do PSD, o ex-ministro Gilberto Kassab, está dando um giro pelo país preparando a legenda para as eleições de 2026 e já avisou que quer que os diretórios estaduais cumpram suas metas para que a sigla siga mantendo o crescimento político obtido nas municipais de 2024.
Aqui no DF, segundo fontes pessedistas, Kassab não fez cerimônia e emparedou PO. Nas contas dele, o PSD-DF tem poderio político (e até econômico) para eleger um deputado federal e dois distritais. Kassab conversou com o ex-vice-governador e disse que menos do que isso ele não aceita e que, caso a meta não seja alcançada, PO pode dar adeus à direção do PSD no DF. Paulo Octávio sempre se vangloriou de comandar o partido que teve o fundador de Brasília e avô de sua esposa, Anna Christina, o saudoso Juscelino Kubitschek, em seus quadros. Aliás, JK era do PSD quando inaugurou a nova capital da República no coração do Planalto Central. No entanto, há uma controvérsia sobre a origem do PSD de Kassab e PO e o PSD de JK, que foi extinto pelos militares por meio do Ato Institucional nº 2, o AI-2, em 1965. Mas isso é assunto para outro dia. Vamos voltar para as eleições de 2026 no DF.
André Kubitschek vai tentar se eleger distrital
Paralelamente ao trabalho de dirigente partidário, Paulo Octávio também tem outro desafio para as eleições de 2026. Além de atender às expectativas de Gilberto Kassab, PO quer garantir que uma das duas cadeiras que o PSD precisa conquistar na CLDF seja de seu filho, André Kubitschek. Em 2022, André, que disputou uma eleição pela primeira vez, não conseguiu se eleger deputado federal, obtendo 20.072 votos. Na verdade, o PSD não chegou nem perto do coeficiente eleitoral. Após a amarga experiência da campanha passada, o bisneto de JK vai encarar mais uma disputa, e as chances de se eleger são melhores do que da vez anterior. No entanto, o PSD está tendo dificuldades para atrair novos filiados e pretensos candidatos para o ano que vem. Atualmente, a legenda tem dois distritais que ainda não decidiram se vão concorrer à reeleição pelo partido, e a entrada de Kubitschek na nominata dificulta ainda mais. Fontes sustentam que PO está trabalhando para convencer o distrital Jorge Vianna, que obteve mais de 30 mil votos em 2022, a se aventurar na disputa por uma das oito vagas à Câmara dos Deputados do DF. O empresário argumenta que o parlamentar tem capital político – apoio dos profissionais da enfermagem e da saúde pública do DF – para alçar voos mais altos. Se o ‘Bode Velho’ aceitar, PO dará um passo importante para eleger seu menino ‘Andrezin do PO’, como os mais sádicos da política o apelidaram nos bastidores.
Arruda é aguardado pelo amigo com tapete vermelho para garantir cadeira de federal
Quem pode chegar de última hora no PSD-DF é o ex-governador José Roberto Arruda, atualmente filiado ao PL. Arruda ainda enfrenta problemas com a Justiça, porém, ao mesmo tempo, sonha com mudanças na legislação eleitoral para o ano que vem, por meio de uma proposta que está tramitando no Congresso, que reduziria o tempo de suspensão dos direitos políticos de condenados. Caso aconteça a virada de mesa, Arruda é aguardado pelo amigo PO com tapete vermelho. O ex-governador tem dito a apoiadores que planeja retornar à política como deputado federal. Se Arruda puder disputar um cargo eletivo novamente, não há dúvidas de que uma das oito cadeiras do DF na Câmara dos Deputados será dele. Já, se optar por tentar voltar ao Buriti, Arruda levará uma surra da ‘Leoa’ nas urnas, assim como foi com Joaquim Roriz em 1998.
Ibaneis e Celina se posicionam no tabuleiro
A semana passada começou agitada e terminou em clima de euforia para o grupo Ibaneis-Celina. A divulgação do resultado de uma pesquisa sobre os possíveis cenários para 2026 deixou os apoiadores de Ibaneis Rocha e Celina Leão empolgados. A ‘Leoa’ está liderando as intenções de votos e seus concorrentes estão longe de alcançá-la. Já Ibaneis aparece bem nas sondagens, mas ainda não havia confirmado sua candidatura ao Senado. Para acabar de vez com o ti-ti-ti, na manhã de sábado (5), durante um evento de filiação de novos integrantes ao MDB, em Ceilândia, maior colégio eleitoral do DF, Ibaneis anunciou sua pré-candidatura ao Senado e a de sua vice, Celina, ao Buriti. A partir de agora, o emedebista e a “Leoa” estão posicionados no tabuleiro político para as eleições de 2026. A chapa de Celina começa a ganhar forma. Resta agora aos demais aliados decidirem suas posições.
Pressão em cima de Michelle para que tome uma decisão aumenta
Com o anúncio feito por Ibaneis ao lado de Celina, a pressão em cima da ex-primeira-dama e presidente nacional do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, aumenta para que ela decida se vai concorrer ao Senado, como declarou Bolsonaro no fim do ano passado, ou se vai ser ela quem representará a família na disputa presidencial, como se especula nos bastidores. A ampulheta foi virada, e o tempo está passando.
Bia Kicis e Fred Linhares ainda sonham com o Senado
Essa indefinição de Michelle Bolsonaro quanto ao seu futuro político tem servido de combustível para dois deputados federais sonharem com o Senado: Bia Kicis, do PL, e Fred Linhares, do Republicanos. As sondagens junto ao eleitorado brasiliense apontam que a direita tem chances de conquistar as duas vagas ao Senado que estarão na disputa no ano que vem. Aliados de Bia Kicis sustentam que ela topa até lançar uma candidatura avulsa pelo PL, ignorando a aliança que está sendo construída pela cúpula nacional para apoiar Celina e Ibaneis. Já o federal Fred Linhares está sendo utilizado como carta na manga de seu partido para sentar à mesa de negociação. O Republicanos pode repetir a mesma fórmula que levou Damares Alves a bater Flávia Peres (ex-Arruda), lançando Fred como candidato avulso ao Senado. Vamos acompanhar as articulações. Ainda tem muita coisa para acontecer até 2026.
MDB-DF vem forte em 2026 e quer fazer a maior bancada da história da legenda
O evento do MDB realizado em Ceilândia no último sábado mostrou que a legenda está retomando o protagonismo político na capital federal, como nos tempos de Joaquim Roriz. Não é à toa que muitos comparam Ibaneis a Roriz. Para as próximas eleições, o partido quer eleger Ibaneis senador, três deputados federais e cinco distritais. Atualmente, o MDB tem o governador Ibaneis no comando do Buriti, um federal e seis distritais. Para alcançar a meta na Câmara dos Deputados, o MDB está trabalhando para que o deputado federal Rafael Prudente seja reeleito, e as outras duas vagas sejam preenchidas entre o distrital Daniel Donizet, que tem forte atuação nas redes sociais e é um ativista na defesa dos pets, e os secretários de Governo José Humberto Pires, o Pezão, da Justiça e Cidadania, e Marcela Passamani. Caso consigam, um dos federais se tornará secretário no governo Celina, e o eleito suplente assume. Já na CLDF, caso Daniel Donizet suba para federal, os outros cinco distritais terão que trabalhar para se reeleger. A meta do MDB é ousada, mas não é difícil de ser batida.
Reguffe diz que elegeu um governador e sustentou assessor por 15 anos
Na edição passada desta coluna, falamos sobre a má fama do ex-senador Reguffe de não conseguir transferir votos para quem ele declara apoio nas eleições. O ex-parlamentar entrou em contato com este colunista e questionou nossa opinião, dizendo que não era verdadeira. Ele argumentou que “elegi com meu apoio até um governador”, referindo-se ao pior gestor que Brasília já teve, Rodrigo Rollemberg. E quanto aos candidatos a distrital diretamente vinculados a ele, Reguffe lembrou que um deles, Daniel Radar, foi seu assessor por 15 anos. “Quanto ao Daniel, só fiz ajudar. Dei emprego para ele por 15 anos. Acho que ajudei ele a crescer na vida e se tornar o que se tornou”, explicou o ex-senador. Hoje, Daniel Radar trocou a esquerda pela direita e faz parte da equipe da senadora Damares Alves. Portanto, está feito o registro, nobre senador Reguffe!
Mistério da semana
• Quem é o administrador regional que está aguardando o resultado de uma pesquisa junto ao eleitorado da cidade que cuida para saber se vai bater chapa contra o padrinho político da região? Mistério…
• Qual é o gabinete de um parlamentar do DF no Congresso Nacional que parece “a casa da mãe Joana”? A verba destinada para pagamento de pessoal é usada até o limite. A lista de assessores à disposição do parlamentar é composta por parentes de outros políticos, irmãos bajuladores, comissionados laranjas que repassam dinheiro para financiar projetos pessoais do chefe na área da comunicação, entre outras peripécias do congressista. Mistério…
* José Fernando Vilela é jornalista com especialização em marketing político e eleitoral. Já trabalhou em diversos órgãos públicos (GDF/CLDF/Câmara/Senado) e iniciativa privada. É editor-chefe, analista político e colunista do Expressão Brasiliense. Foi presidente da ABBP – Associação Brasileira de Portais de Notícias – de 2021 a 2024. E apresenta o podcast Café Expressão, pela TV Expressão no YouTube, entrevistando autoridades políticas, parlamentares, dirigentes de entidades representativas, artistas, empresários, profissionais liberais, entre outros.
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