Durante reunião ministerial, Anderson Torres alertou Bolsonaro e auxiliares sobre vitória de Lula: “Todos vão se f…”
A operação da Polícia Federal deflagrada na última quinta-feira (8) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e alguns de seus principais ministros confirmou os rumores da orquestração de um golpe de estado. A ação da PF autorizada pelo STF trouxe à tona uma reunião realizada em julho 2022, no Palácio do Planalto, onde o ex-presidente e seus auxiliares falaram abertamente sobre como todos deveriam agir no período da campanha. Ao se manifestar na reunião, Anderson Torres disse que a PF estava monitorando a atuação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e alertou para os perigos do então candidato Lula vencer as eleições. Ele mencionou a situação da crise política que se instalara recentemente na Bolívia após as eleições que ocorreram no país vizinho naquela época. “O exemplo da Bolívia é o grande exemplo para todos nós. Senhores, todos vão se foder”, esbravejou o ministro da Justiça. Diante dessa e outras revelações que vieram a público após a divulgação do vídeo da reunião, o argumento de Anderson Torres de que não sabia do plano de um golpe de estado não cola mais e as investigações apontam que ele, Bolsonaro e outros ministros agiram para se manter no poder numa possível derrota para o candidato petista. Como a minuta do decreto do golpe foi encontrada na casa de Anderson Torres, o ex-ministro deve ser responsabilizado por ser um dos principais mentores da ação golpista. É possível que nem todos se ‘f….’ como previu Torres, mas ele, com certeza, vai.
Mauro Cid delata golpe de estado
Esquecido pelo clã Bolsonaro após ter sido preso, o tenente-coronel Mauro Cid Júnior, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, foi quem dedurou o plano do golpe de estado para a Justiça em sua delação premiada. Ele apenas confirmou as declarações de seu pai, o general Mauro Cid, que avisou que o filho não iria para o buraco sozinho. Talvez se o ex-ajudante não tivesse dito nada sobre a reunião, ninguém saberia que um dia, na sala Suprema do Planalto, um presidente e seus ministros tramaram um golpe.
Militares perderam a moral
O grupo de militares que deu sustentação política ao mandato de Jair Bolsonaro se queimou por completo com seus companheiros da caserna. No meio militar, a participação de oficiais de alta patente na trama golpista manchou a honra das Forças Armadas Brasileira. Os generais que serviram a Bolsonaro perderam o restinho da moral que tinham entre seus companheiros de farda. É provável que as investigações apontem que um ou outro militar tenha se envolvido diretamente com o plano golpista. Se ficar comprovado qualquer que seja a participação desses militares, eles ficarão marcados por terem conspirado contra a pátria e o Estado Democrático de Direito e deverão ser punidos conforme a legislação militar.
A cúpula da PMDF sabia ou não?
Com a confirmação do plano do golpe, muita gente está se perguntando se a cúpula da PMDF, cujo alguns coronéis e oficiais permanecem detidos, sabia da trama bolsonarista. Aliados do presidente Lula acusam os PMs do DF de serem coniventes com os atos do 8 de janeiro, ainda mais porque foi a própria PMDF que informou que a manifestação era pacífica e não oferecia riscos para a ordem pública. Muitos petistas propagam que os policiais militares facilitaram as ações dos golpistas por serem apoiadores do antigo governo. Por ora, os oficiais seguem presos e sem perspectiva de voltar para suas residências.
Acusações contra Ibaneis caem por terra
Diante dessas revelações, as acusações feitas pela oposição contra o governador do DF, Ibaneis Rocha, de que ele apoiou os golpistas caem por terra. Esse mimimi, em especial dos petistas brasilienses, de que Ibaneis era um apoiador do golpe não se sustenta mais. A tese de que o emedebista foi pego de surpresa no dia 8 de janeiro passa a ter fundamento considerando que o governador nunca foi próximo do ex-presidente e seu clã. A ‘companheirada’ vai ter que arrumar outro discurso.
E o troca-troca do número de celular continua na capital federal
Assim que o mundo político soube da existência de uma ‘Abin Paralela’ durante o governo Bolsonaro, o corre-corre para trocar o número de celular foi intenso nas lojas das operadoras de telefonia móvel. E pelo visto essa movimentação não vai parar. Tem muita gente que além de trocar o número de celular resolveu também passar a utilizar aplicativo de conversa que dispõe de mensagens criptografadas entre seus usuários. O medo de grampo e clonagem do aparelho se tornou uma preocupação real para quem é do metiê político, principalmente aqui em Brasília.
* José Fernando Vilela é jornalista com especialização em marketing político e eleitoral. Já trabalhou em diversos órgãos públicos (GDF/CLDF/Câmara/Senado) e iniciativa privada. É editor-chefe, analista político e colunista do Expressão Brasiliense, e é presidente da ABBP – Associação Brasileira de Portais de Notícias – desde 2021. É também apresentador do programa Viva a sua Cidade, na Viva FM, 101.3, de segunda a sexta, das 11h às 13h.
OBS: O conteúdo da coluna O Fino da Política é de uso exclusivo deste portal e de outros que foram expressamente autorizados. É proibida a sua reprodução total ou parcial para fins jornalísticos, publicitários e quaisquer outras sem a devida autorização.
Acompanhe o Expressão Brasiliense pelas redes sociais.
Dá um like para o #expressaobrasiliense na fanpage do Facebook.
Siga o #expressaobrasiliense no Instagram
Inscreva-se na TV Expressão, o nosso canal do YouTube.
Receba as notícias do Expressão Brasiliense pelo Whatsapp.