Com público abaixo do esperado, desfile de 7 de setembro foi um fiasco para a esquerda brasiliense
Desde quando Lula assumiu a presidência da República pela primeira vez, os desfiles de 7 de setembro na Esplanada dos Ministérios passaram a servir de palco para manifestações de apoio da militância da esquerda ao seu líder máximo. Como nos últimos anos a força dos esquerdistas caiu significativamente na capital federal, a parada cívica-militar de ontem apenas refletiu a insatisfação da população brasiliense com o governo petista e o evento foi um fiasco completo do ponto de vista político para os aliados do presidente Lula. Os poucos militantes da esquerda que marcaram presença nas arquibancadas próximas a tribuna das autoridades preferiram exaltar o ministro do STF, Alexandre Moraes, gritando ‘Xandão, Xandão’ do que reverenciar o petista, que aliás, chegou todo murcho, sem graça no tradicional Rolls Royce da Presidência da República sem a primeira-dama, Rosângela. Lula chegou com cara de poucos amigos.
Talvez o presidente tenha se decepcionado ao ver que as arquibancadas não estavam cheias de ‘companheiros’ com camisas vermelhas gritando seu nome. A ‘companheirada’ ainda reuniu uns gatos pingados nas grades de proteção da arquibancada perto de Lula para fazer uma firula para a equipe do petista captar umas imagens, porém, foi uma coisa bem tímida e insignificante perto do que era no passado. Antigamente, os esquerdistas brasilienses imploravam para ter acesso ao menos na arquibancada próxima a tribuna de honra. No desfile de ontem era visível alguns vazios já no dispositivo instalado de frente ao presidente. Dados preliminares da PMDF apontam que cerca de 20 mil pessoas passaram pelo local do evento. Em outros tempos, o desfile cívico-militar nos governos petistas costumava ficar com as arquibancadas cheias até a tampa e uma carrada de gente encostada nas grades de proteção e até mesmo no gramado da Esplanada. A ‘companheirada’, que antes fazia questão de ir ao menos na tribuna dos convidados, dessa vez ignorou o clamor do Planalto para que todos comparecessem para fazer uma ‘linda festa para o nosso presidente Lula’. Nem mesmo os petistas mais estrelados da capital federal foram à Esplanada aplaudir seu líder. A coisa está feia, ‘companheiro’.
‘Grito dos Excluídos’ também foi fraco
Paralelo ao desfile de 7 de setembro, a esquerda também se mobiliza nesse dia há mais de 30 anos para promover um movimento denominado ‘Grito dos Excluídos’. O evento também costumava levar milhares de pessoas a participar desse ato de protesto em favor das minorias. Apesar de ser um movimento que se autodeclara apartidário, os esquerdistas sempre tomavam à frente da organização e os grupos de cada segmento eram liderados por pessoas vinculadas a partidos políticos. Ontem, o ‘Grito dos Excluídos’ também sinalizou que a esquerda está perdendo espaço em setores que antes costumavam dominar. Alguns movimentos sociais em Brasília estão passando por um processo de renovação e os novos líderes que estão surgindo não têm mais o mesmo apego de antes as ideologias esquerdistas.
Bolsonaro leva multidão para a Avenida Paulista
Enquanto Lula teve que engolir a baixa audiência do desfile na Esplanada dos Ministérios, o seu antecessor, Jair Bolsonaro arrastou uma multidão para a Avenida Paulista, em São Paulo, num ato político marcado pelos pedidos de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes. Bolsonaro foi à forra. Ele foi ovacionado por milhares e milhares de pessoas que abarrotavam a avenida. O evento contou com a participação de políticos de todo o Brasil e dos mais diversos segmentos. Alexandre de Moraes foi o principal alvo de críticas por parte dos aliados do ex-presidente. Cartazes e faixas pedindo o impeachment do ministro estavam por toda a parte. Em seu discurso, Bolsonaro chegou a chamar Moraes de ‘ditador’ e disse que o Senado tinha que pôr um ‘freio’ na atuação do ministro. Já o pastor Silas Malafaia, um dos organizadores do evento, pediu a prisão de Alexandre Moraes e disse que seu lugar era ‘na cadeia’. O ato político na Paulista também foi utilizado para Bolsonaro reforçar o apoio aos aliados que estão disputando as eleições deste ano. Apesar das forças de segurança de São Paulo ainda não divulgarem os dados oficiais em relação à quantidade de pessoas que participaram do ato na Paulista, nas imagens divulgadas no decorrer do dia nos noticiários eram nítidas que a avenida estava repleta de bolsonaristas. Não tem nem comparação. Bolsonaro mostrou força no maior colégio eleitoral do Brasil.
Justiça joga um balde de água fria em Arruda
O ex-governador do DF, José Roberto Arruda, ainda vai ter que esperar para saber se vai poder voltar a concorrer a um cargo eletivo em 2026. Na última quinta-feira (5), Arruda foi condenado à perda de seus direitos políticos por 12 anos numa decisão sobre um processo de improbidade administrativa que foi gerado após a Operação Caixa de Pandora, deflagrada pela PF em 2009 que culminou na sua saída do GDF. Arruda e outros investigados terão que devolver aos cofres públicos mais de R$ 257 mil cada um. Apesar de ainda caber recurso, essa decisão foi um balde de água nas pretensões do ex-governador. Nos bastidores, muita gente já comentava que ele estava se preparando para voltar, no caso em específico, ao Palácio do Buriti. Arruda ainda tem uma força política bem expressiva e até hoje é mencionado em pesquisas espontâneas quando o eleitor é estimulado a responder sem verificar os nomes em quem votaria para o GDF. Até 2026, esse cenário pode mudar. A defesa de Arruda acredita que ele possa ser beneficiado por algumas mudanças na legislação que estão em andamento. Tem muita gente que tem medo de encarar José Roberto Arruda numa disputa eleitoral. No entanto, ele precisa primeiro resolver suas pendengas com a Justiça. Toda vez que ele começa a pôr as asas para fora, o Judiciário vem e corta. Já se passaram mais de 14 anos e até hoje Arruda sofre as consequências das escolhas que fez em seu governo. É bom deixar claro que ninguém duvide de sua capacidade de virar a mesa até as próximas eleições. Arruda sabe fazer política e se ele se livrar de seus processos, vai ser difícil abatê-lo nas urnas. Fiquemos de olho.
* José Fernando Vilela é jornalista com especialização em marketing político e eleitoral. Já trabalhou em diversos órgãos públicos (GDF/CLDF/Câmara/Senado) e iniciativa privada. É editor-chefe, analista político e colunista do Expressão Brasiliense, e é presidente da ABBP – Associação Brasileira de Portais de Notícias – desde 2021. Apresenta o programa Viva a sua Cidade, de segunda a sexta, das 11h às 13h, na rádio Viva FM 101.3.
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