O ex-policial Ronnie Lessa, que foi contratado por Domingos e Chiquinho Brazão para assassinar Marielle Franco, contou em delação premiada que o pagamento proposto pelo crime era um loteamento clandestino na zona oeste do Rio de Janeiro. Segundo teriam dito os irmãos Brazão, o espaço valeria, no futuro, ao menos R$ 100 milhões. Lessa também se se tornaria um dos chefes de uma nova milícia também na zona oeste carioca.
“Então, na verdade, eu não fui contratado para matar a Marielle como um assassino de aluguel. Não. Eu fui chamado para uma sociedade”, disse na delação, que durou duas horas, e teve recortes exibidos em reportagem do Fantástico, neste domingo, 26.
Por conta da proposta, Ronnie Lessa afirmou ter aceitado ‘de cara’, sem nem saber quem era o alvo. Em um primeiro momento, foi o político Marcelo Freixo foi cogitado. Mas, por sua visibilidade, o ‘trabalho’ seria mais arriscado.
Depois, então, Marielle se tornou o alvo escolhido – por, na época, ter feito mobilizações políticas justamente contra os loteamentos em questão. “Marielle foi colocada como uma pedra no caminho”, disse Lessa.
Por que Marielle foi morta?
As investigações indicam que o planejamento da execução teria começado no segundo semestre de 2017, após uma “descontrolada reação” de Chiquinho Brazão devido à participação de Marielle na votação do Projeto de Lei Complementar 174/2016.
A proposta, de autoria de Chiquinho Brazão quando ainda era vereador, dispunha sobre a regulamentação fundiária de loteamentos e grupamentos existentes nos bairros de Vargem Grande, Vargem Pequena e Itanhangá, assim como nos bairros da XVI RA – Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
A presença de Marielle junto a comunidades em Jacarepaguá era o que mais atrapalhava os interesses dos irmãos. Na região, em sua maioria é dominada por milícias, se concentrava relevante parcela da base eleitoral da família Brazão.
Também foram identificados diversos indícios do envolvimento dos Brazão com atividades criminosas, incluindo as relacionadas com milícias e ‘grilagem’ de terras. Ficou, então, delineada a divergência no campo político sobre questões de regularização funciária e defesa do direito à moradia. No caso, Marielle queria utilizar esses territórios para fins sociais e a construção de moradias populares.
(Terra)
Foto: Reprodução/Google Imagens
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