Ao longo deste mês de setembro foram identificados mais de 49 mil focos ativos de incêndio no Brasil, detectados dia a dia. Isso apenas até esta quinta-feira, dia 12, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Além da destruição, de todo esse fogo resta a fumaça, que tem se dissipado pelos trajetos dos “rios voadores”, corredores atmosféricos de umidade que conectam a América do Sul.
De acordo com Marcelo Felix Alonso, doutor em Meteorologia na área de poluição atmosférica e diretor da Faculdade de Meteorologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), as queimadas estão lançando para a atmosfera uma grande quantidade de materiais particulados, fuligem, cinzas e gases que são transportados pelo continente sul americano por meio desses corredores de ar, conhecidos como “rios voadores”.
Os corredores de umidade são importantes para a manutenção de todo o ciclo hidrológico da América do Sul. É como se a floresta reciclasse a umidade que recebe do Oceano Atlântico e a distribuísse para outras regiões do continente. Mas nesses mesmos ‘caminhos’, em uma altitude superior à do translado dessa ‘água invisível’, a fumaça também se desloca pelas regiões.
“Nós costumamos dizer que a poluição não respeita fronteiras políticas”, afirma o especialista.
Pelo Brasil, segundo dados do Inpe, dos 49.266 focos registrados, 50,3% foram na Amazônia, 36,6% no Cerrado, 7,8% na Mata Atlântica, 2,8% no Pantanal, 2,4% na Caatinga e 0,1% no Pampa.
Mas, neste momento de crise, os focos de incêndio não são exclusivos do Brasil. A América do Sul, como um todo, está passando por uma onda de incêndios. Somando os 13 territórios do continente já foram mais de 350 mil focos detectados ao longo desse ano. O montante quebra o recorde histórico de 2010, quando foram registrados cerca de 322 mil.
Em relação aos incidêntes deste mês, a Bolívia é a mais afetada após o Brasil –com quase 20 mil focos de incêndio registrados. Além disso, o fogo também tem deixado sua marca no Peru (3.655), Paraguai (3.648) e Argentina (3.562), principalmente.
A fumaça desses pontos também se acumula no corredor de fumaça que afeta o Brasil, apontam os especialistas
(Terra)
Foto: Reprodução/Google Imagens
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