• 22 de novembro de 2024

1ª ESTATAL À VENDA | TCU autoriza privatização da Eletrobras

Por 7 votos a 1, o plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou nesta quarta-feira, 18, a última etapa do processo de privatização ,da Eletrobras, a maior empresa de energia elétrica da América Latina. A decisão atende o interesse do governo Bolsonaro, que espera concluir a capitalização da estatal até agosto deste ano.

A primeira etapa do processo foi aprovada pela Corte em fevereiro deste ano. E, com o resultado dessa última etapa, que começou a ser analisada em 20 de abril, mas foi suspensa por pedido de vista do ministro Vital do Rêgo, a Eletrobrás será a primeira grande estatal a ser vendida na gestão Bolsonaro.

Dos oito ministros votantes, sete acompanharam o relator, Aroldo Cedraz, que se posicionou de forma favorável à privatização.  No total, o TCU é composto por nove ministros, mas a presidente do Tribunal, Ana Arraes, só vota em caso de desempate.

Apenas o ministro Vital do Rêgo apresentou voto divergente contra a privatização. Em seu parecer, ele alegou que os dados da privatização e modelo têm uma série de inconsistências. O ministro, no entanto, não conseguiu apoio dos demais integrantes do colegiado para prevalecer seu entendimento.

Após a maioria dos ministros declararem apoio ao posicionamento do relator do processo, ministro Aroldo Cedraz, Vital do Rêgo afirmou que respeita a decisão. “Aceito a decisão da maioria, mesmo não entendendo o posicionamento dela. Aceito, mas não entendo, mas respeito acima de tudo.”

Durante o julgamento, o ministro Vital do Rêgo argumentou que há ilegalidades sobre os cálculos do valor a ser pago pela Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar) para assumir a Itaipu Binacional.

A estatal sucederá a Eletrobras no controle da usina após a privatização. Mas, para isso, deverá pagar um “valor justo” pela aquisição, que foi fixado em R$ 1,2 bilhão, que seria o resultado da atualização monetária dos US$ 50 milhões referentes ao capital social original da Eletrobras na usina pelo lado brasileiro.

“Não existe, no nosso ordenamento jurídico, essa forma de cálculo que chegou ao tal de R$ 1,2 bilhão, pois a valoração de Itaipu foi realizada utilizando-se como referência a atualização do “capital social” da empresa em vez do seu “fluxo de caixa operacional”, conforme define a legislação”, diz o voto.

Em seu parecer, ele ressalta que a avaliação da Eletronuclear, que também será mantida sob controle da União via ENBPar, foi realizada pelo método do fluxo de caixa operacional. Vital argumenta que, caso o mesmo critério fosse considerado para Itaipu, o valor econômico de 50% da parte brasileira seria superior.

“Diante da flagrante ilegalidade na forma como foi calculada a participação brasileira em Itaipu, evidentemente subavaliada, minha proposta é de determinar que a valoração econômica dessa Usina seja feita a partir do seu fluxo de caixa operacional, de acordo com a legislação.”

Ministro propõe paralisar análise, mas não consegue apoio

Antes de iniciar a leitura, o ministro propôs paralisar a análise da privatização da Eletrobras até a conclusão da fiscalização dos procedimentos adotados pela estatal para provisionamento de recursos relacionados a demandas judiciais do empréstimo compulsório de energia.

A proposta, no entanto, não teve apoio no plenário da Corte. Os ministros Bruno Dantas e Aroldo Cedraz, relator do processo, defenderam a continuação da análise, o que foi acatado pela presidente da Corte de Contas, Ana Arraes. Cedraz afirmou entender que as informações contidas nos autos do processo são suficientes para dar prosseguimento ao julgamento.

(Agência Estadão Conteúdo)

Foto: Reprodução/Google Imagens

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