Tite sabia que a partida contra a Bolívia reservaria um jogo de ataque contra defesa. A Seleção Brasileira começou a trajetória por uma vaga na Copa do Mundo do Qatar com uma goleada por 5 a 0 em um treino de luxo, mas o duelo trouxe conceitos táticos da Canarinho que podem ser interessantes para partidas mais competitivas no futuro.
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Com a Bolívia em um bloco baixo e com a intenção de segurar um empate desde o minuto inicial, a escolha por Douglas Luiz justifica-se: meio-campista de mais cadência, foi responsável por cuidar do corredor esquerdo e abrir espaço para uma das principais armas ofensivas do Brasil: Renan Lodi. Com arrancadas de trás, o lateral do Atlético gerou amplitude e foi um dos destaques.
Na prática, o Brasil jogou em um 2-3-5. Tite buscou potencializar os jogadores de acordo com as características que eles já apresentaram em seus clubes. Lateral, Danilo cortava por dentro e se apresentava como volante pelo direita – ao lado de Casemiro, no centro, e do já citado Douglas, na esquerda. Everton Cebolinha era o ponta na direita e Renan Lodi ficava no flanco oposto.
Com o campo alargado, a linha de cinco defensores da Bolívia não se fez tão presente. Consequentemente, os jogadores do meio tiveram mais espaço para dominar a bola. O esquema beneficiou Neymar e Coutinho, que gostam justamente de arrancar com a bola dominada no pé para finalizar ou tocar em profundidade pelos lados.
O camisa 10, nesta posição intermediária pelo lado esquerdo, deu 18 dribles na partida e duas assistências. A dupla do setor contribuiu com um gol e dois passes que geraram finalizações. Mais participativos justamente pelo fato de a defesa da Bolívia estar preocupada também com jogadores fixos a todo instantes nos flancos do gramado.
Em um exercício de memória, vale lembrar que o Brasil de Tite mostrou dificuldade diante de equipes com cinco marcadores meses antes da Copa do Mundo de 2018 e depois do Mundial. Apesar de o nível competitivo da Bolívia não ser dos maiores, o treinador dá sinais que trabalha esta questão. A maior liberdade de deslocamento para Neymar e Philippe Coutinho é o exemplo.
“Essa situação é muito estratégia conforme o jogo se apresentar. Normalmente o Lodi é um jogador que sai mas não é tão agressivo assim no Atlético de Madrid. Hoje (ontem) utilizamos muito avançado. O fato de ter ele de um lado e Cebolinha ou Rodrygo do outro te dá abertura do campo. A bola chega em Neymar, Coutinho, Firmino e Éverton Ribeiro no centro com mais facilidade. é abrir espaço para os jogadores. cada jogo tem suas características”, analisou Tite, após a partida.
Diante do Peru, na próxima terça-feira, Renan Lodi não terá o mesmo espaço para avançar. André Carillo, ponta adversário, é uma ameaça e marcou os dois gols da seleção no empate com o Paraguai, na última quinta-feira. Ao mesmo tempo, os finalistas da última Copa América também não defendem em uma linha tão baixa quanto a Bolívia. É saber como Tite vai mexer nos encaixes.
(Lance)