A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou ontem (05) ao Supremo Tribunal Federal (STF) o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), um dos líderes do centrão na Câmara dos Deputados, por corrupção passiva em caso referente a investigações da operação Lava Jato.
Lira foi acusado criminalmente pela PGR de receber quase 1,6 milhão de reais em propina da empreiteira Queiroz Galvão para garantir que o PP –partido da qual é líder da bancada na Câmara– mantivesse o apoio do então diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
A denúncia contra o líder do PP ocorre no momento em que ele e o centrão se aproximam do presidente Jair Bolsonaro.
O presidente tem dado cargos a indicados do grupo como forma de garantir apoio parlamentar no momento em que é alvo de um inquérito no STF e que, em caso de denúncia pela PGR, terá de contar com votos de deputados para barrar o julgamento da acusação. Além disso, há inúmeros pedidos de impeachment protocolados na Câmara dos Deputados.
O parlamentar, que é réu em outro processo da Lava Jato no STF, é um dos cotados para suceder Rodrigo Maia (DEM-RJ) no comando da Câmara na eleição prevista para o início do próximo ano.
O suposto repasse a Lira, teria sido feito em duas parcelas, tendo como origem recursos desviados pela empreiteira da Petrobras, segundo a PGR.
O deputado assumiu a liderança do partido após a ida do então deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PI) para o Ministério das Cidades em 2012, ainda no governo da então presidente Dilma Rousseff.
“Com essa ascensão, Arthur Lira passou a atuar de modo mais concreto no esquema de arrecadação de propina, fiscalizando os de pagamentos ao grupo dissidente”, escreveu a subprocuradora-geral da República Lindôra Maria Araújo, designada para coordenar a equipe da Lava Jato na PGR por Augusto Aras, o chefe do Ministério Público Federal.
Em nota, o advogado Pierpaolo Bottini, defensor de Lira, rebateu a denúncia da PGR. Disse que o deputado fez parte de um grupo que “assumiu a liderança do PP e afastou Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef do partido”.
“Fato já provado e que explica a inimizade dos colaboradores e suas reiteradas tentativas de envolver o parlamentar em ilícitos dos quais não participou”, disse o advogado.
“O doleiro diz que Arthur Lira recebeu indevidos valores por meio de um operador chamado Ceará, mas esse último –também colaborador– desmente tal versão em dois depoimentos. O próprio STF reconheceu as inverdades de Youssef em outros depoimentos contra a Arthur Lira. Fundamentar uma denúncia nas palavras desse doleiro é premiar um ato de vingança contra alguém que se postou contra suas práticas”, finalizou Bottini.
(Agência Reuters)