No dia em que São Paulo comemora seus 467 anos, João Doria (PSDB) reuniu os ex-presidentes José Sarney, Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer para um ato simbólico de vacinação contra o coronavírus. “Não é um encontro político, mas institucional. A favor da vida e da vacina”, disse o governador durante o evento em defesa da imunização, no Palácio dos Bandeirantes.
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Ele também afirmou que anunciará nesta terça-feira, 26, quantidade e data prevista para a entrega de um novo carregamento de insumos da Sinovac, laboratório que produz a vacina CoronaVac em parceria com o Instituto Butantan.
“Pessoalmente convidei todos os ex-presidentes, justamente por entender que não era um ato político”, justificou o governador, acrescentando que pediu a amigos em comum que chamassem também Lula e Dilma Rousseff. De acordo com ele, todos declinaram o convite “muito educadamente”.
FHC comparou a pandemia de covid-19 às memórias dos pais sobre a gripe espanhola e dele mesmo sobre a Segunda Guerra. “Mas nada disso se compara ao que está acontecendo, porque o vírus não escolhe quem ataca”, disse, completando sobre a importância do isolamento social e agradecendo aos profissionais de saúde. “Às vezes acho difícil ficar em casa, mas imaginem quem não tem casa?”
“Me resta a esperança para vencer esta tragédia: a vacinação. Que deve ser feita com a participação e colaboração de todos. É hora de juntarmos esforços para dizer à população brasileira para que colabore com as autoridades sanitárias”, disse Sarney, que participou da cerimônia por videochamada e classificou a pandemia do coronavírus como “o maior problema dos últimos anos”. O ex-presidente também elogiou o que classificou como “idealismo” do governador de São Paulo.
Temer também celebrou a “simbologia da unidade” na reunião. “O combate ao vírus é tão importante quanto a economia. A vida se vai e a economia de recupera. Que as vacinas venham de onde vierem, desde que bem testadas”, afirmou. O ex-presidente ainda agradeceu aos profissionais de saúde, aos voluntários que se submeteram aos testes clínicos e pediu que todos se imunizassem.
Sarney, de 90 anos, FHC, de 89, e Temer, de 80, pertencem ao grupo prioritário da fase 1 de vacinação, que contempla idosos acima dos 75 anos. Na semana anterior, a ex-presidente Dilma Rousseff, de 73, recusou o convite para participar do evento afirmando ser “inaceitável ‘furar fila'”. “Agradeço, mas diante das circunstâncias tenho o dever de recusar a oferta, por razões éticas e de justiça”, publicou em nota no seu site oficial.
FHC afirmou que o Brasil conta com “instituições competentes” como o Butantan e a Fiocruz, afirmando que “não é um momento oportuno” para criticar o governo. “Para quem foi governante, como nós fomos, sabemos que é difícil governar. Neste momento, a prioridade número um é a vida.”
Logo em seguida, Dória afirmou que o encontro não tinha objetivo de “criar confronto”. A reunião, contudo, cria um contraponto ao atual líder do Executivo, que tem sido contrário à vacinação no País. Ainda no início deste mês, Jair Bolsonaro (sem partido) decretou um sigilo de 100 anos sobre o seu cartão de vacinação.
Temer, que havia intercedido junto à embaixada chinesa a pedido do governador para a liberação e importação de insumos da vacina, afirmou ter falado na manhã desta segunda-feira, 25, com o embaixador chinês no Brasil. De acordo com ele, os insumos estão sendo “acondicionados”, apesar de “uma pequena questão técnica”, para o Butantan e para a Fiocruz.
De acordo com dados do governo de São Paulo, já são 143.966 pessoas vacinadas no Estado. O governador também reforçou que existem 10,8 milhões de doses da CoronaVac em solo brasileiro.
(Agência Estadão Conteúdo)
Foto: Divulgação/Agência Reuters