“Esperamos que chegue logo o dia 7 de outubro para darmos um cartão vermelho para o Rollemberg”, declara o senador.
Perfil
Hélio José da Silva Lima
Nascido na cidade de Corumbá, Goiás, o senador Hélio José é casado, pai de quatro filhos chegou ao Distrito Federal com 14 anos. Formado em Engenharia Elétrica pela Universidade de Brasília – UnB, é servidor público federal concursado do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão cedido para o de Minas e Energia. Assumiu a vaga de senador da República pelo DF em 2015, tendo em vista que Rodrigo Rollemberg teve que renunciar para assumir o cargo de governador do DF em 2014.
Hélio José já foi filiado ao Partido dos Trabalhadores – PT. Ajudou a fundar o Partido Social Democrático – PSD em 2010 onde esteve filiado até 2015. Em 2015, ingressou no Partido da Mulher Brasileira (PMB) e em 2016 foi para o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Atualmente, está filiado ao Partido Republicano da Ordem Social, o Pros e é o coordenador da bancada de parlamentares do DF no Congresso Nacional.
Apesar de ser novo no Senado Federal, Hélio José já esteve envolvido em algumas polêmicas na casa como a CPI da Previdência. Na tarde da última segunda-feira (22/01), ele recebeu o Expressão Brasiliense em seu gabinete para falar de sua atuação política e as suas pretensões para 2018. Confira.
Expressão Brasiliense: Como foi para o senhor assumir a vaga de senador após o atual do governador do DF, Rodrigo Rollemberg renunciar ao cargo de senador? Quais foram as primeiras barreiras? Houve alguma discriminação?
Hélio José: Primeiro, eu quero agradecer ao blog Expressão Brasiliense e dizer que é com muita satisfação estar concedendo essa entrevista a vocês que vem a ser mais um importante instrumento de mídia para a população. Cada vez mais nós devemos valorizar meios de comunicação independente como este. Como senador da República, é uma satisfação chegar ao público que irá acessar o canal de vocês.
Agora, quanto a sua pergunta. Eu sempre estive trabalhando nos bastidores da política, na construção da política. Quando o Rollemberg foi eleito para o governo do DF, eu assumi, por direito, o cargo de titular de mandato no Senado Federal por quatro anos. Eu tenho procurado fazer um mandato de portas abertas. Um mandato voltado para representar de verdade o cidadão brasiliense, em especial, aquele pagador de imposto, aquela pessoa que precisa ter um representante aqui, que não tenha vergonha de olhar no olho de cada um, de receber cada um, de conversar com cada um e tentar resolver o problema, por mais simples que ele seja. É dessa forma que eu tenho procurado atuar com a sensibilidade de entender que Brasília é uma cidade administrativa e de serviços. Aqui nós temos milhares de servidores públicos, seja do governo federal como do DF, que precisa de uma atenção especial, e também os trabalhadores da iniciativa privada que prestam serviços nos mais de diversos órgãos, que atuam no serviço público indiretamente. Brasília não tem uma vocação industrial, o que temos são espaços para indústrias de baixo impacto ambiental como a de eletrônicos, por exemplo. Porém, esse tipo de indústria tem ficado à mercê da falta de capacidade do atual governo.
EB: Mas o senhor chegou a sofrer alguma discriminação quando entrou para o Senado?
HJ: Não. Eu sempre vivi na política. Hoje, eu tenho 57 anos e acompanho a política há muitos anos. Eu procurei respeitar a autoridade de todos aqui no Senado. Procurei fazer uma relação proativa com todos. Tanto é que no primeiro ano do meu mandato (2015), eu fui eleito o coordenador da bancada de parlamentares do DF que é o responsável por coordenar todo o orçamento da União destinado para o Estado no período daquele ano. E fui reeleito para continuar coordenando a bancada em 2017 e 2018 pelos oito deputados federais e os outros dois senadores do DF. Não tive resistência. Na verdade, eu tive que passar por uma adaptação por ser o meu primeiro mandato parlamentar. Eu busquei ter o pé no chão e fazer um mandato para que os anseios da população tivessem ressonância. Hoje integro diversas comissões, participei de CPIs onde fui o relator da CPI da Previdência. Hoje eu sou o único parlamentar do DF que compôs a Comissão Mista do Orçamento desse ano que passou.
EB: Quais foram as principais conquistas do senhor aqui no Senado Federal para o DF?
HJ: Uma conquista importante foi a questão do Hospital do Câncer. Eu e o senador Reguffe conseguimos convencer toda bancada a ter como emenda impositiva (que é aquela que o governo não pode remanejar a verba) a destinação de 126 milhões de reais para esse hospital. Até que enfim, o governo conseguiu entregar o projeto para a Caixa e assim realizar a licitação para o início da obra. Essa é uma grande conquista, temos várias outras, mas essa foi especial.
Para esse ano, temos a questão das emendas impositivas voltadas para a construção do viaduto do Recanto das Emas e do Riacho Fundo II. Também destinamos emendas para a construção do 8º Batalhão da Polícia Militar em Ceilândia, o 15º Batalhão da PM na Estrutural e o Batalhão da Polícia Militar que cuida da parte rural. Em 2016 fizemos emendas para a recuperação das caldeiras de alguns hospitais e a construção de algumas escolas.
EB: Como o senhor se posiciona quanto à reforma da previdência?
HJ: A reforma da previdência, apelidada como PEC da Morte. Por que PEC da Morte? Porque as pessoas não terão a oportunidade de se aposentar. As pessoas não vão poder se aposentar porque vão morrer antes. Então, o governo federal, numa total traição com o povo, quer fazer uma reforma que impede a população de se aposentar. O governo quer aumentar o tempo de permanência das pessoas no trabalho e ainda mente alegando que a reforma é para cortar privilégio. Não tem nada disso. Tanto é que todas as entidades sérias deste país são contra essa reforma. Portanto, eu que fui eleito no Congresso Nacional como relator da CPI da Previdência fizemos um longo trabalho durante nove meses, provamos que o governo federal faltou com a verdade para com a população. Essa reforma é uma proposta desnecessária e que quer privatizar a previdência brasileira que é pública para poder enriquecer banqueiros. Esse governo não tem o maior interesse em fazer com os grandes devedores da previdência paguem a conta que devem. Esses devedores são os grandes frigoríficos, as grandes empresas e as grandes indústrias que não estão pagando os seus impostos em dia. O governo prejudica os pequenos e o empresário que paga em dia a previdência social.
EB: Hoje o senhor é aliado ou oposição ao governo Temer?
HJ: Eu fui do PMDB por muito tempo. Eu fui líder do governo aqui nesta Casa. Todas as questões que beneficiam a população brasileira, eu sempre apoiei. Agora, eu não tenho como apoiar um governo que faz perseguição aos servidores públicos. Eu não tenho como apoiar e tanto que votei contra a reforma trabalhista. Eu estive na CPI da Previdência e provei que essa reforma é anti-povo e que só visa beneficiar banqueiros. Comprovamos que o déficit da previdência foi uma maquiagem feita para enganar a população. Ou seja, nessas questões eu sou contra o governo. Agora, quando o governo Temer encaminha projetos e propostas de interesse da população, eu sempre o apoiei e vou apoiá-lo. O que for contra a população, eu sou contra.
EB: Como o senhor avalia a atual gestão do DF? Hoje o senhor é aliado ou oposição ao governo Temer?
HJ: O governador Rollemberg é o pior governador da história do Distrito Federal. É uma pessoa que conseguiu quebrar o recorde de impopularidade e má gestão de todos os governos anteriores a ele. Isso quem está dizendo são os institutos de pesquisa, não sou eu. Ele não conseguiu encaminhar as suas propostas, ele não souber dizer a que veio. Eu não tenho como apoiar um governo desse. Nos dois primeiros semestre de governo, eu estive lá ajudei. Aqui no Senado, eu ajudo sempre no que posso. Agora, na minha visão, é um governo que não tem solução. Não tem jeito. O Rollemberg não dialoga com a bancada, não nos respeita. Rollemberg não respeita os movimentos sociais e sindicatos. Ele não cumpre o que promete. Ele derruba igrejas, derruba condomínios, derruba construções legítimas e regulares. Ele não apresentou solução para a crise hídrica. Rollemberg mente para a população quando pega verba pública federal e vem investir no DF com nosso esforço aqui no Congresso Nacional. Por exemplo, hoje (22/01) o evento de expansão do Metrô foi no governo federal e não no Palácio do Buriti para mostrar que não é ação do governo dele. Hoje temos obras no Sol Nascente, no Porto Rico e no Morro da Cruz com recursos do governo federal que não são oriundos do seu governo como ele diz por aí. Hoje, no DF temos mais de 400 mil desempregados e Rollemberg não faz nada. Isso tudo é falta de governabilidade. Esperamos que chegue logo o dia 7 de outubro para darmos um cartão vermelho para o Rollemberg.
EB: De zero a 10, qual nota o senhor dá para o governo dele?
HJ: Eu vou dar três. Porque acho que é um governo que tem baixo índice de corrupção. Mas é um governo ineficiente porque não tem gestão, não gera emprego, não tem diálogo com vários setores da sociedade, não cumpre acordo, persegue os servidores públicos, não resolve o problema da Polícia Civil, não encaminha as coisas na área da segurança, persegue os condomínios, não promove a regularização fundiária. É um governo muito mais ineficiente do que eficiente.
EB: Nos bastidores especula-se que o Pros feche uma aliança com o governador do DF para as eleições deste ano. Qual será o posicionamento do senhor?
HJ: Primeiro, está muito cedo para que se fale em definição de composição de governo ou de alianças. As convenções partidárias só vão ocorrer em julho. Tem pessoas hoje filiadas ao Pros que participa desse governo desastroso do Rollemberg. Essas pessoas têm que perder ao lado dele. Eu não creio que o Pros vá fechar com ele. Eu sou pré-candidato a deputado federal pelo Pros e a eleição para deputado federal é prioridade no partido. Os pré-candidatos a deputado distritais que estão me apoiando também não vão defender esse governo do Rollemberg. Então, eu não vejo o Pros apoiando esse governador.
EB: Como tem sido coordenar a bancada de parlamentares do DF aqui no Congresso Nacional?
HJ: Nós temos uma bancada totalmente heterogênea onde cada um tem seus interesses políticos, cada um trabalha o seu cenário. Porém, dentro do que nos une que é ajudar o DF, todos debatemos para encaminhar as melhores propostas para a população. Tem conseguido fazer uma boa relação entre o Senado e a Câmara dos Deputados. Só lamento que o governo Rollemberg, seja um governo soberbo que não se reúne com a bancada.
EB: E quais são as suas propostas para o DF caso venha se eleger deputado federal? E sobre a questão de ser testado nas urnas pela primeira vez?
HJ: Olha, é a primeira vez que vou ser testado nas urnas de fato. Porém, eu fui testado nas urnas quando colaborei com a eleição do Rollemberg, pois eu viria a assumir o mandato o qual ocupo hoje. Quando ele estava num lugar, eu estava do outro lado do DF pedindo voto para ele. Fui coordenador da campanha do deputado Rogério Rosso e conseguimos elegê-lo juntamente com o Augusto Carvalho e o Renato Santana que é o vice-governador. Então, esse projeto de me eleger deputado federal vem ao encontro de hoje eu estar como representante do DF e ter um mandato de portas abertas. Eu, inclusive, sou conhecido como o senador do povo. Quando me coloco como pré-candidato é no sentido, digamos que literal, de representar o povo. Quero fazer uma discussão mais próxima da população. Eu tenho a pretensão de um dia governar o DF e para mim chegar a ser governador do DF, eu preciso além desse mandato de quatro anos de senador, me eleger deputado federal.
EB: O que mudou do Hélio José da época do PT para o Hélio José que hoje está filiado ao Pros?
HJ: As minhas convicções de defender quem necessita, defender o povo, defender quem paga seus impostos, defender o contribuinte, de defender uma sociedade mais justa, de defender a fraternidade e de defender uma condição melhor e com qualidade de vida, não mudou nada. Essas convicções, independentemente de partido A ou B, sempre as tive e as terei. Um homem público se faz com ações concretas. Sou ficha limpa. Sou contra a corrupção e sou uma pessoa que faço o que possível para termos uma política que de fato defenda a população. Hoje, estou no Pros. É um partido novo, que não está envolvido nos escândalos de corrupção. Por isso que escolhi esse partido para representar o povo no Congresso Nacional.
EB: Como vê o julgamento do ex-presidente Lula marcado para o próximo dia 24? Hoje o senhor votaria nele?
HJ: Eu vejo mais como uma caça às bruxas. Eu acho que quem deve à justiça, que a justiça faça um real levantamento das coisas e não politizar os processos. A justiça, como representa a estátua que está em frente ao STF, é cega. A Constituição brasileira tem que ser respeitada. O ex-presidente Lula tem que ser respeitado pelo que fez. Ele não pode ser tirado do embate político só porque ele representa uma ameaça ao interesse daqueles que querem retornar e esfoliar o Estado. Se for comprovado que ele cometeu um crime, aí é outra história. Tanto é que o meu candidato à presidência é o senador Paulo Paim.
EB: Então, hoje o senhor não votaria no Lula?
HJ: Não vou dizer que não votaria e que votaria. Eu lamento que algumas pessoas do PT estejam envolvidas na Lava-Jato. Ao invés de seguirem aquilo que sempre se defendeu, o que aconteceu foi um desvio de conduta e que dificultou a vida do partido. E hoje o Lula, que fez um mandato muito bom na Presidência da República, está pagando um preço muito.
EB: E quem o Hélio José quer ver no Palácio do Buriti em 2019?
HJ: Meu candidato se chama Reguffe. Ele tem uma posição clara que vai cumprir o mandato até o final. Entretanto, as pesquisas vêm mostrando que a população anseia que ele indique um nome que tenha condições de se eleger. Se ele se convencer, até a época das convenções partidárias, de pôr o seu nome à disposição, Brasília terá condições de ter um governador trabalhador. É uma pessoa honesta, integra e quem tem todas as condições de recuperar o DF. Quero registrar que na impossibilidade do Reguffe ser o candidato, os outros candidatos têm chance. O Ibaneis está como pré-candidato pelo PMDB, tem grandes chances. O Dr. Frejat, que já foi deputado federal, também tem chance, é ficha limpa. Tem o Wanderley Tavares que é do segmento evangélico. Tem o Goudim que está no PMB e representa uma cidade importante que é a Ceilândia. E tem outras pré-candidaturas como a do deputado federal, Izalci, o deputado distrital, Joe Valle, a ex-deputada Eliana Pedrosa e o ex-deputado, Alírio Neto. Na impossibilidade do Reguffe ser candidato, qualquer desses nomes tem condições de ter o meu apoio. O que não dá é apoiar o Rollemberg. Vamos trabalhar para que Brasília seja reconstruída.
EB: Qual o recado que o senhor vai deixar para o leitores e seguidores o Expressão Brasiliense?
HJ: Primeiro, peço para que acompanhem o blog e leiam as várias proposituras que vocês vão apresentar para que possam conhecer todos os lados da política, pois 2018 é um ano que podemos fazer um corte na situação da política brasileira porque vão poder separar o joio do trigo. Que a população possa fazer uma limpeza no Congresso Nacional. Quero dizer que o Expressão Brasiliense está de parabéns por estar trazendo essa discussão para a população.
EB: Senador, obrigado por nos receber?
HJ: Eu que agradeço e estamos à disposição de todos.
Entrevista concedida pelo senador Hélio José (Pros/DF) ao jornalista José Fernando Vilela no dia 22 de janeiro de 2018.
Fotos: Agência Senado.