O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) almoçou com o também ex-presidente José Sarney (MDB), na quinta-feira (6), em Brasília. Um dos temas da conversa, na casa de Sarney, foi a montagem de palanques estaduais na eleição presidencial de 2022.
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Pré-candidato ao Palácio do Planalto desde que o Supremo Tribunal Federal anulou seus processos na Lava Jato, Lula tem conversado com dirigentes de vários partidos, do Centrão à esquerda, para garantir um amplo leque de apoios.
Ainda que não tenha o compromisso do apoio do MDB para o seu projeto presidencial, o ex-presidente quer amarrar alianças regionais fortes que possam garantir a ele apoio nos estados.
Exemplos disso são Alagoas, onde o grupo de Renan Filho (MDB) busca permanecer no comando, e Pará, governado por Helder Barbalho (MDB), pré-candidato à reeleição. Lula é próximo dos pais dos dois governadores.
O senador Jader Barbalho (MDB-PA), pai de Helder, esteve com o petista na segunda-feira. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), pai do governador de Alagoas e relator da CPI da Covid, não se reuniu com ele, mas tem estado em constante contato por telefone.
O líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), aliado regional dos Calheiros, esteve com Lula na quarta-feira (5).
“Historicamente sempre tivemos aliança PT e MDB no Estado de Alagoas, mas a gente tem que discutir qual vai ser o caminho, não foi aberta essa discussão ainda”, afirmou Isnaldo.
“Conversamos sobre o Brasil, o momento atual, as preocupações dele na pandemia, esse momento que a gente está vivendo. (Lula fez) um comparativo no trato dele com as relações exteriores, como era à época e como ele está vendo o momento”, afirmou o líder emedebista.
Lula tem buscado ampliar o leque de alianças do PT e procurado conversar com políticos fora do espectro da esquerda. Na quarta-feira, o petista recebeu o ex-prefeito de São Paulo e presidente do PSD, Gilberto Kassab.
O dirigente partidário já foi ministro da ex-presidente Dilma Rousseff, mas hoje comanda uma legenda que está na base do presidente Jair Bolsonaro.
Kassab negou que vai apoiar Lula para presidente. “Ele, como o Bolsonaro, sabe que teremos candidato próprio”, disse ao Estadão. Outros dirigentes do Centrão enxergam neste gesto uma estratégia para que o PSD não se comprometa com nenhum apoio antecipado para eleição de 2022 e possa definir uma posição quando um favoritismo estiver mais claro na disputa pelo Planalto.
Na terça, o ex-presidente teve uma extensa agenda de reuniões com senadores. Ele recebeu a bancada do PT no Senado, os senadores Otto Alencar (PSD-BA), Kátia Abreu (Progressistas-TO), Jader Barbalho (MDB-PA) e o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE).
Uma reunião entre Lula e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), havia sido articulada pela bancada petista no Congresso, mas não aconteceu. De acordo com o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), o ex-presidente não conseguiu ajustar um horário. Além de Sarney, Lula passou a quinta se reunindo com embaixadores.
“Ficou para buscar uma saída nesta quinta, mas acabou que os dois estão super ocupados. (Lula) Está cheio de agenda com embaixadas e não tem tempo. Ficou pra próxima vinda”, disse o líder do PT.
Os diplomatas que se reúnem com o petista nesta quinta são o embaixador do Reino Unido no Brasil, Vijay Rangarajan, e o da Argentina, Daniel Scioli. Lula tem se encontrado com representantes internacionais para se informar sobre a aquisição de vacinas contra a covid-19. Na noite de segunda-feira, o ex-presidente compareceu a um jantar com o embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms.
A agenda com Pacheco seria o primeiro encontro do petista com um chefe de poder desde que retomou seus direitos políticos, após o Supremo Tribunal Federal anular suas condenações na Lava Jato. O encontro estava previsto para acontecer na residência oficial do Senado.
Pacheco contou tanto com o apoio de Bolsonaro quanto do PT para chegar ao comando do Senado. Na quarta, o presidente do Senado participou, ao lado de Jair Bolsonaro, de um evento do Ministério das Comunicações sobre a tecnologia 5G.
Dirigentes do PT negaram que Bolsonaro tenha agido para evitar o encontro entre Lula e Pacheco, mas enxergaram uma atuação do Planalto para evitar que o ex-presidente se reunisse com o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL).
(Agência Estadão Conteúdo)
Foto: Reprodução Poder360