A ascensão de Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Câmara dos Deputados e o retorno de Davi Alcolumbre (União-AP) ao comando do Senado, ambos favoritos na disputa deste sábado, 1º, trarão novos desafios para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Embora não se espere uma mudança radical em nenhuma das Casas, a saída de cena de Arthur Lira (PP/AL) e Rodrigo Pacheco (PSD/MG) exigirá do Planalto fazer novos arranjos e acordos em prol da governabilidade.
Com um maior protagonismo nos últimos anos, o Congresso teve disputas mais acirradas em alguns momentos, muito diferente da conjuntura desenhada no pleito deste ano. As duas Casas têm seus favoritos, que advém das alianças construídas e do apoio dos respectivos presidentes, Lira e Pacheco.
Relação do governo com o Congresso
Se no início da disputa Lula evitou tomar partido diante da crescente divisão entre os caciques do Centrão, evitando repetir “erros do passado”, como o apoio de Dilma ao candidato de oposição a Eduardo Cunha, em 2015, que acabou culminando no processo de impeachment, seu apoio a Motta e Alcolumbre veio com uma decisão política. Lula liberou seus ministros congressistas a se licenciarem dos cargos na Esplanada para votar na eleição, como um claro apoio aos nomes.
Questionado em coletiva na quinta-feira, 30, se o padrão de relacionamento do governo irá mudar ou não com a eleição de Hugo Motta e Davi Alcolumbre, o presidente Lula respondeu de uma forma protocolar: “O meu presidente do Senado é aquele que ganhar, e o da Câmara é aquele que ganhar. Quem ganhar, eu vou respeitar e vou estabelecer uma nova relação”, afirmou.
Mesmo pontuando que a eleição da Câmara e do Senado é uma questão dos partidos políticos, dos deputados e dos senadores, Lula afirmou que se Hugo Motta for eleito na Câmara, e Alcolumbre, eleito no Senado, eles serão os presidentes das duas Casas e é com eles que o governo fará as tratativas que tiver que fazer.
“Eu tenho uma boa coordenação política, tenho um bom líder no Senado, um bom líder na Câmara, um bom líder no Congresso Nacional, e essas pessoas aqui vão tratar de organizar a relação do governo federal. Eu acho que nós já demos uma demonstração de que não tem dificuldade de você governar, se você tiver muita disposição de conversar”, acrescentou Lula da Silva.
Hugo Motta é uma incógnita, mas Alcolumbre não
Embora o perfil de Hugo Motta e Davi Alcolumbre sejam semelhantes, pois são políticos tidos como do Centrão, analistas apontam que fazer uma previsão sobre o primeiro é mais difícil. Eles afirmam que Hugo Motta é uma incógnita. Alcolumbre, por sua vez, não por já ter presidido o Senado. Ele deve buscar apaziguar lados opostos, claro, sempre pensando mais na defesa dos interesses do centro e de seu Estado, o Amapá.
Disputa
Para suceder a Arthur Lira na Câmara, há três nomes: Hugo Motta (Republicanos-PB), Marcel van Hattem (Novo-RS) e Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ). Dos três postulantes, o favorito para o comando da Casa é Hugo Motta, que tem apoio de Lira e da ampla maioria dos deputados, consolidando uma base que pode chegar a 494 votos.
Na eleição da Câmara, o voto é secreto, registrado por meio da urna eletrônica. É eleito o candidato que receber votos favoráveis de mais da metade dos 513 deputados votantes (257 deputados). Caso isso não aconteça em um primeiro momento, realiza-se um segundo turno, no qual o deputado com melhor desempenho é eleito.
No Senado, a presidência será disputada por cinco candidatos: Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), Marcos Pontes (PL-SP), Soraya Thronicke (Podemos-MS), Marcos do Val (Podemos-ES) e Eduardo Girão (Novo-CE). Alcolumbre é o maior cotado por possuir o apoio do presidente Pacheco, além de reunir o apoio de 10 partidos – no total, uma bancada de 76 senadores.
Diferentemente do modelo utilizado na Câmara, onde adota-se a urna eletrônica, o pleito no Senado utiliza cédulas impressas. Ambas as votações são secretas, e é eleito o candidato que receber ao menos 41 votos. Caso nenhum candidato conquiste a maioria absoluta, os dois mais votados disputam um segundo turno e vence quem tiver mais votos.
Há ainda a escolha de mais 10 membros em cada Casa para finalizar a composição das duas Mesas Diretoras, formadas pelos dois vice-presidentes, quatro secretários e seus suplentes, além do presidente. Na Câmara, a votação para os membros da Mesa Diretora ocorre de forma simultânea à para a Presidência, no sistema eletrônico. No Senado, primeiro é escolhido o presidente para, em seguida, os parlamentares votarem nos demais cargos.
Com informações do Terra
Foto: Rodolfo Stuckert/Ag. Câmara
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