Nos últimos dias, a Polícia Federal vem demonstrando que está atuando politicamente em situações específicas. A corporação encaminhou um documento ao Supremo Tribunal Federal (STF) afirmando que “mostra-se necessária a realização” do depoimento do presidente Jair Bolsonaro no inquérito que apura se houve interferência na instituição. Recentemente, aliados do presidente foram alvos de busca e apreensão por parte da PF.
O Palácio do Planalto disse que não irá se manifestar sobre o assunto. Entre os aliados do presidente, considera-se que a solicitação da PF é uma afronta e que a medida tem como objetivo continuar desgastando a imagem de Bolsonaro perante à opinião pública.
A PF pediu a prorrogação do inquérito por mais 30 dias. As investigações começaram em abril, quando o então ministro da Justiça, Sergio Moro, anunciou a demissão do cargo.
Na ocasião, Moro disse que Bolsonaro havia interferido na Polícia Federal ao demitir o então diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo, e ao cobrar a troca na chefia da PF no Rio de Janeiro. Bolsonaro nega a acusação.
Ao pedir a prorrogação do inquérito, a PF também informou que as seguintes diligências, entre outras, ainda estão pendentes:
- “exame de edições dos arquivos do vídeo da reunião ministerial, a análise das mensagens do telefone celular de Sergio Moro”;
- “resposta da Dicor [Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado] sobre o pedido de informações acerca da produtividade da SR/RJ [Superintendência da PF no Rio de Janeiro]”;
- “resposta do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional [Augusto Heleno] quanto ao pedido de dados a respeito das trocas de comando da chefia da segurança do presidente da República”;
- “recebimento das cópias dos inquéritos já indicados com trâmite perante a SR/RJ”;
- “análise das informações, assim como das oitivas de Paulo Roberto Franco Marinho [empresário; suplente do senador Flávio Bolsonaro], Miguel Ângelo Braga Grillo [chefe de gabinete do senador Flávio Bolsonaro]”.
- pediu à Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal sobre índices mensais e o compilado anual de produtividade operacional da Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio de Janeiro nos anos de 2017, 2018 e 2019; dados anuais de produtividade operacional de todas as unidades da Polícia Federal no último triênio, bem como a metodologia empregada para medir tais índices;
- considerou “relevante” obter elementos a respeito da suposta inclusão do deputado Helio Lopes (PSL-RJ) em uma investigação na PF do Rio, “motivo pelo qual se determinou a expedição do Ofício n° 550/2020 solicitando que fossem prestadas informações a respeito da situação do inquérito policial”;
- pediu à PF do Rio que informe a situação de um inquérito relacionado às investigações do caso Marielle Franco.
Da Redação com informações do G1