O deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem (PL-RJ), depõe à Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira, 16. O parlamentar será ouvido no inquérito que apura a existência de um grupo paralelo que espionava autoridades dos Três Poderes, batizado de ‘Abin paralela’.
Segundo a investigação, as ações dos envolvidos eram de “domínio do fato” de Ramagem, que nega as acusações e classifica a operação como “alvoroço”.
Ainda de acordo com a PF, o esquema de espionagem chegou a monitorar auditores da Receita Federal com o intuito de proteger o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das ‘rachadinhas’.
Na segunda-feira, 14, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes derrubou o sigilo sobre o áudio de uma reunião entre Bolsonaro, Ramagem e advogadas de Flávio Bolsonaro, gravado pelo ex-diretor da Abin.
O áudio da reunião mostra que Ramagem sugeriu a abertura de um procedimento administrativo contra os funcionários responsáveis pelo inquérito.
“Eu acredito que a melhor saída é dentro da Receita [Federal], pegando sério. Com uma apuração que não tem como voltar atrás. É uma apuração administrativa que se travar, judicializa. Tem que ser lá de dentro”, afirma.
“Não pode ser do agente político, ministro da Economia, tem que ser na Receita, mostrando que tem uma notícia para ele, para ele botar para baixo”, completa. O “ele” seria o então chefe da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto.
Em outro trecho da gravação, a advogada Juliana Bierrenbach sugere uma operação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para averiguar os sistemas de inteligência que atendem à Receita. O então chefe do GSI, general Augusto Heleno, estava presente no encontro.
A gravação da reunião foi encontrada em um documento de Alexandre Ramagem, em meio às investigações da ‘Abin paralela’.
O que diz Ramagem
Após repercussão do áudio, o deputado isentou Jair Bolsonaro da acusação de favorecer seu filho e afirmou que o ex-presidente sabia que a conversa estava sendo gravada. O motivo, segundo ele, era ‘registrar um crime’ contra o Bolsonaro.
“Essa gravação não foi clandestina. Havia o aval e o conhecimento do presidente. A gravação aconteceu porque veio uma informação de uma pessoa que viria na reunião, que teria contato com o governador do Rio à época [Wilson Witzel], que poderia vir com uma proposta nada republicana. A gravação seria para registrar um crime contra o presidente da República, só que isso não aconteceu. A gravação foi descartada!”, justificou.
Ramagem também afirmou que as advogadas de Flávio apresentaram “possíveis irregularidades” que estariam ocorrendo na parte da investigação que envolvia a Receita Federal e sugeriram a atuação do GSI. O ex-diretor declarou que foi contra a sugestão.
“Falei que a inteligência não tem como tratar de dados de sigilo bancário e fiscal, não haveria o resultado pretendido. A atuação do GSI seria prejudicial para o general Heleno, que não seria a via correta e não teria resultado. Ou seja, informando que o que deveria ser feito era cientificar a própria Receita para abertura de procedimento interno e administrativo, na forma legal, para qualquer desvio de conduta que possa estar acontecendo”, disse.
(Istoé)
Foto: Reprodução/Google Imagens
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