O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou na quarta-feira (22) que o novo coronavírus “nos acompanhará” por muito tempo, que não se poder ter complacência no combate à pandemia e que é preciso ter uma comunicação clara e transparente sobre as estratégias adotadas em cada país.
“Não se enganem: temos um longo caminho pela frente, esse vírus nos acompanhará durante um longo tempo”, afirmou Tedros, dizendo que compreende as dificuldades decorrentes do distanciamento social. Ele reafirmou, contudo, que essa ainda é a melhor medida para combater o vírus.
“As pessoas compreensivelmente querem seguir com suas vidas”, disse Tedros. “Mas o mundo não voltará ao que era antes. Deve haver um ‘novo normal’, mais saudável, seguro e mais preparado”. Ele também disse que “protestos não vão ajudar” e recomendou uma comunicação clara para conscientizar e engajar a população da importância das medidas de distanciamento.
A OMS afirmou ainda que os países precisam identificar, isolar e cuidar de todos os contaminados, assim como rastrear e colocar em quarentena quem teve contato com pessoas infectadas. “Os países que não adotarem (essas medidas) de maneira consistente verão mais casos e mais vidas serão perdidas”, alertou o etíope.
A entidade esclareceu que é preciso identificar todos os casos suspeitos, e não testar toda a população. Também citou a existência de discriminação contra pessoas que contraíram a covid-19. “O estigma e a discriminação nunca são aceitáveis ??em nenhum lugar e em nenhum momento. Eles devem ser combatidos em todos os países. O momento é de solidariedade, não de estigma”.
Persuasão pela ciência
Questionado sobre nações que não estariam cumprindo o distanciamento social, Michael Ryan, diretor do programa de emergências da OMS, disse que o poder da entidade é o de persuadir pela ciência e pelas evidências. “Mostrar o que outros países estão fazendo, as boas práticas. Não temos o poder para forçar ou colocar alguma pressão em algum país”, afirmou.
Ryan disse que é preciso entender as reclamações de quem é contra o distanciamento, mas sugeriu diálogo e comunicação efetiva para esclarecer as estratégias de saúde pública de cada região.
As autoridades destacaram que a equipe da OMS em 150 países trabalha diretamente com governos, cientistas e parceiros para coordenar planos nacionais de preparação e resposta para a pandemia. A OMS reafirmou que sua principal função é fornecer dados baseados em evidências e que esse trabalho é realizado com milhares de especialistas para coletar, analisar e sintetizar o melhor da ciência e transformá-la em orientações de referência.
(Agência Estadão Conteúdo)