O Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha terá 200 leitos de retaguarda para atender pacientes que venham a contrair o coronavírus no Distrito Federal. O anúncio oficial foi feito pelo secretário de Saúde, Francisco Araújo, durante uma visita técnica realizada, nesta segunda-feira (30), no local.
A previsão inicial dos gestores é que em até 15 dias parte dos leitos já esteja disponível à população, em uma área que abrange quase 6 mil metros quadrados. A medida se torna necessária para resguardar o atendimento dos pacientes em remissão, ou seja, que já tiveram alta dos leitos com suporte respiratório nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), mas ainda estão em recuperação e não podem voltar para casa.
A estimativa da pasta é que a taxa de permanência dos pacientes nos leitos instalados no estádio chegue a até 14 dias, a depender da situação clínica de cada pessoa.
“Estamos trabalhando à frente e nos preparando para o futuro. Não vamos esperar o problema começar para resolver. Caso a situação piore, aqui será a retaguarda. Nos organizamos construindo essa estrutura, e na medida que for preciso, os leitos serão colocados à disposição da população. O sistema de saúde está preparado para defender e proteger as pessoas”, garantiu Francisco Araújo.
O secretário de Saúde destacou que o planejamento para atender mais casos de coronavírus foi dividido em três etapas. A primeira foi garantir até 60 leitos com suporte respiratório nas UTIs e 100 de retaguarda. Na segunda fase, a Secretaria de Saúde terá à disposição 200 leitos com suporte respiratório e 300 de retaguarda – 200 deles no Mané Garrincha.
“Na última fase, se o gráfico piorar, teremos 500 leitos de retaguarda. Serão os 200 no Mané Garrincha e 300 no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Além disso, teremos 310 leitos com suporte respiratório, envolvendo as redes privada e pública, pois a Secretaria tem celebrado contratos com o setor privado”, informou o secretário de Saúde.
As medidas serão reforçadas com quatro dispensas de licitação divulgadas recentemente pela Secretaria de Saúde. Com elas, a pasta pretende adquirir 30 mil unidades de álcool em gel de 100ml e 500ml; 300 mil testes rápidos para a Covid-19; 300 ventiladores pulmonares para os principais hospitais da rede pública; além da contratação de sete ambulâncias, que estarão de pronto aviso nas regionais de saúde para fazer o transporte de pacientes.
INFRAESTRUTURA – De acordo com o subsecretário de Infraestrutura em Saúde, Isaque Albuquerque, até a próxima semana será iniciada a compartimentação dos ambientes, montando uma configuração padrão para os leitos. Diferente das demais unidades da Federação, eles não serão instalados no gramado do estádio, mas no primeiro andar do Mané Garrincha, que possui uma estrutura mais adequada.
Ainda assim, o espaço vai passar por uma reestruturação para atender critérios hospitalares, com mudanças na rede elétrica, higienização do ar-condicionado e instalação de dispositivos para álcool em gel e equipamentos médicos. A ideia é revitalizar a estrutura para melhorar as condições físicas, sanitárias e de segurança aos pacientes.
“Todos os sistemas para operacionalizar a assistência estão sendo montados agora. Até sexta-feira (3) já devemos ter um protótipo da distribuição física dos leitos, para ser aprovado com a equipe. Havendo a necessidade, teremos mais um andar para replicar esse mesmo modelo”, informou o subsecretário.
Contudo, o gestor advertiu que os prazos de entrega podem sofrer alteração devido a problemas com a entrega de produtos e insumos dos fabricantes. “Como é uma realidade nacional e até mundial, estamos tendo dificuldade com a produção das fábricas. O atraso na entrega dos materiais pode influenciar no cronograma. Mas isso será reajustado conforme a necessidade”, ressaltou.
HUMANIZAÇÃO – Um dos pontos que favoreceu a escolha do Estádio Nacional de Brasília como hospital de campanha foi a possibilidade de os pacientes terem um amplo campo de visão entre o primeiro andar e as cadeiras da arquibancada, além de poderem disfrutar do sol da manhã. A ideia é trazer um atendimento mais humanizado aos que estão saindo da situação de isolamento e se recuperando da Covid-19.
“Deixaremos pelo menos três fileiras de cadeiras, com extensão de mais de 50 metros, onde os pacientes terão uma renovação de ar. Como eles vem de uma situação de isolamento, a ideia é tornar esse ambiente mais humanizado. Aqui, eles poderão circular pelas áreas da arquibancada, conversar com a família e fazer uma ligação com mais privacidade”, comentou Isaque Albuquerque.
(Agência Saúde DF)