A partir desta quarta-feira (22), o governo do Distrito Federal (GDF), em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), dá início a um estudo inédito com nitazoxanida na Unidade Básica de Saúde nº 9 de Ceilândia. Os testes serão realizados em 500 voluntários para atestar a eficácia do medicamento no tratamento experimental contra a covid-19. Ontem (21), a primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro, participou da solenidade de inauguração da unidade móvel da pesquisa ao lado do ministro do MCTI, Marcos Pontes e do secretário de Saúde, Francisco Araújo.
A primeira-dama é Conselho do Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado e foi a sua cidade-natal para reforçar a importância de participar da pesquisa. Michelle Bolsonaro disse que espera contar com o apoio e adesão dos ceilandenses. “Estamos aqui hoje para reforçar a importância do voluntariado neste teste clínico desenvolvido pelo MCTI contra o novo coronavírus”, destacou.
Serão selecionados para participarem pacientes, com idade superior a 18 anos, infectados pelo SARS-COV-2 que apresentam até o terceiro dia de manifestação clínica da doença ao menos dois sintomas mais comuns do coronavírus como, febre e/ou tosse seca e/ou fadiga. Os voluntários receberão os kits de medicamento juntamente com as instruções para o uso correto.
ESTUDOS – Desde fevereiro, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) conduziu estudos de reposicionamento do medicamento nitazoxanida, que após o experimento, apontou cinco moléculas capazes de inibirem a replicação do novo coronavírus (SarsCov-2) com 94% de eficácia. Essas moléculas foram isoladas e serão usadas no estudo com a finalidade de aliviar consideravelmente, ou até inibir os sintomas da doença, reduzindo a sua carga viral.
Para o ministro da Ciência, Marcos Pontes, a pesquisa tem fundamentação e potencial para ser uma grande descoberta brasileira. Já que a descoberta para um possível tratamento eficaz será através de um medicamento cientificamente certificado.
“Este é um tratamento no estágio inicial da doença, assim que a pessoa tiver os primeiros sintomas poderá ter um medicamento disponível. Isso evita que a pessoa chegue a um hospital, utilize intubação, UTI e chegue à morte. Então, um medicamento como este é uma importância gigantesca”, afirma o ministro.
O secretário de Saúde ressaltou a importância da pesquisa para a população do Distrito Federal.
“Este é um momento de esperança. Uma pandemia pode ser comparada tranquilamente a uma guerra. Cada profissional da saúde tem dedicado sua vida para proteger outras vidas, porque no caso do trabalhador da saúde, a gente não pode se furtar de ir ao hospital, de ir à uma UBS, de frequentar o nosso espaço para proteger as pessoas”, declarou Francisco Araújo.
MEDICAMENTO – A nitazoxanida não apresenta nenhum efeito colateral grave, mas pode apresentar potenciais sintomas ao decorrer de seu uso como, diarreia, dor de cabeça, enjoos, dor de barriga e alterações na cor da urina. Também pode haver relatos de tontura, palpitação, vômitos, coceira, irritação e manchas avermelhadas na pele.
Entretanto, estes riscos são os mesmos que já seriam impostos em qualquer hospitalização. Os pesquisadores garantem que a equipe multiprofissional que estará prestando o atendimento permanecerá atenta ao surgimento de qualquer situação nova que possa e usarão recursos disponíveis para minimizar os efeitos adversos identificados, caso necessite.
UNIDADE MÓVEL DE PESQUISA – A estrutura localiza-se no estacionamento da UBS 9 de Ceilândia e conta com quatro salas de acompanhamento. Pacientes da unidade que forem encaminhados para a estrutura e que aceitarem participar do estudo realizarão a testagem e, com 24 horas, serão convocados a buscarem o resultado do exame.
Nos casos positivos para Covid-19, o paciente receberá um kit com a medicação, que ele deverá usar por cinco dias sem interrupção. Ao final deste período, o paciente será convocado novamente à unidade móvel de pesquisa para que a sua carga viral seja analisada e os efeitos do remédio sejam registrados.
“Percebemos que nós, da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, não interrompemos os nossos trabalhos e não deixamos, em momento algum, de enxergar a saúde em todos os seus níveis. Continuamos acreditando que a continuidade destes trabalhos se dava mais próximo das cidades e dos territórios”, disse o coordenador de Atenção Primária à Saúde, Fernando Erick Damasceno.
Caso seja comprovada a eficácia da nitazoxianida, espera-se que haja redução da quantidade de vírus presente nas vias aéreas dos participantes tratados e melhora de sintomas mais rapidamente com redução do risco de insuficiência respiratória, redução do risco de internação hospitalar e redução de mortalidade.
Da Redação com informações da Agência Saúde DF
Foto: Breno Esaki/Agência Saúde DF