• 21 de novembro de 2024

CÂNCER DE MAMA | Rede pública do DF oferece acolhimento e tratamento da doença

O câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres no Brasil atualmente. Entre janeiro e setembro de 2023 foram registrados 430 novos casos da doença na rede pública do Distrito Federal. No mesmo período, o sistema público da capital federal realizou 10.556 mamografias bilaterais para rastreamento e 1.411 mamografias comuns. Como forma de tratamento foram feitas 2.572 quimioterapias, 149 radioterapias e 131 mastectomias.

A Unidade Básica de Saúde (UBS), que integra a atenção primária, é a porta de entrada para o diagnóstico da doença. É o popularmente chamado “postinho” que as pacientes devem procurar em casos dos primeiros indícios durante o autoexame, como o aparecimento de nódulos, alterações na pele da mama, secreções mamárias, dores nos seios ou assimetria mamária, e também para fazer o rastreamento recomendado a partir dos 50 anos ou em casos com histórico ou mutação genética na família.

“A UBS é a porta de entrada preferencial. Ela tem toda essa estrutura para fazer a abordagem inicial e acompanhar ao longo do tempo essa paciente. Somos nós que pedimos os exames de rotina e, no caso da mulher com sintomas, encaminhamos para os demais exames. Com o resultado clínico, fazemos o encaminhamento por meio do sistema levando em consideração as prioridades das pacientes”, revela o médico da família da UBS 19 de São Sebastião, Rafael Alves Pinheiro.

Além do primeiro acolhimento, cabe à UBS acompanhar a paciente ao longo e após o tratamento, coordenando o cuidado, solicitando exames, retirando pontos e direcionando para ações de práticas integrativas e grupos de apoio. “A UBS tem equipes multidisciplinares com psicólogo e nutricionista que também apoiam nessa parte”, completa.

A auxiliar de serviços gerais Valdice de Souza Roma, 59 anos, recebeu o diagnóstico de câncer de mama neste ano dentro da Unidade Básica de Saúde (UBS) 19 de São Sebastião. Com alguns sinais há algum tempo e aversão a atendimento médico, ela resolveu por conta própria fazer uma mamografia e uma tomografia após 10 anos sem realizar o exame de rastreamento.

Com os resultados em mãos foi até a UBS que fica na rua em que ela mora para se consultar com o médico de família, que, prontamente, fez o encaminhamento da paciente para o Hospital da Asa Norte (Hran). Em menos de 15 dias, ela fez a biópsia e entrou para a fila de espera na lista vermelha. A cirurgia de retirada do tumor foi feita em meados de setembro. Tudo num processo bastante agilizado. “Cheguei aqui e o médico me consultou. Quando ele viu que eu já estava com câncer, me colocou na lista vermelha e eu já fui para os procedimentos”, conta.

Valdice lembra que em pouco tempo recebeu a informação de que faria o procedimento. “Quando eu recebi a ligação, ainda falei que não podia porque estava trabalhando. Saí do serviço às 9h, peguei meus exames, cheguei lá às 12h e operei. Hoje, vejo que se eu não tivesse procurado, feito os exames e o médico me colocado na lista vermelha, eu poderia ter precisado de arrancar a mama completamente. Agradeço a Deus e aos médicos todos os dias”, diz se referindo à mastectomia, que retira toda a mama. Ela passou pelo procedimento que retira apenas parte do seio.

Apesar da rapidez no processo na rede pública, Valdeci faz um alerta às mulheres em relação à prevenção. “Eu tinha feito a última mamografia em 2013. Talvez se eu tivesse feito antes, não estaria sem um pedaço do meu corpo. Aconselho a todas as mulheres que se cuidem. Sentiu uma dorzinha, surgiu um carocinho, vai ao médico. Não esqueçam de fazer a mamografia”, deu o recado.

Artes: Agência Brasília

Atenção especializada

Assim como aconteceu com Valdice, o caminho trilhado pelas pacientes em idade de rastreamento e com suspeita de câncer de mama se inicia na UBS e, via regulação, segue para os exames nos hospitais e clínicas especializadas, bem como o tratamento, quando necessário.

Em idade recomendada para o exame preventivo, a professora Iara de Lima e Silva, 61 anos, foi encaminhada pela UBS próxima a casa dela no Guará para fazer a mamografia periódica no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib).

“Eu vim através da regulação encaminhada pela UBS onde eu sou assistida. Acho que é um serviço primordial e que realmente funciona. Foi muito rápido, desde o momento em que eu estive na unidade até o dia de fazer o exame”, comenta. “Estou aqui realmente para me prevenir de uma doença tão cruel que acomete milhares de mulheres no nosso país e no mundo”, acrescenta.

No caso da professora, durante o exame, nenhum indício de câncer foi identificado. Mas em uma situação contrária, ela seria encaminhada para a consulta com mastologista e depois com oncologista nos hospitais especializados da rede.

“A paciente [que tem um carcinoma identificado] logo que ela faz a mamografia vai levar ao mastologista que, geralmente, pede a biópsia. Com a confirmação, essa paciente tem que ser prontamente encaminhada para iniciar o tratamento”, explica a oncologista clínica do Hospital de Base, Mirian Cristina da Silva.

O tratamento pode ser cirúrgico – com a retirada de parte ou total da mama – e, a depender do estágio do tumor e de algumas características, imuno-histoquímicas com quimioterapia e radioterapia. “As taxas de cura do câncer de mama são muito altas. Não é uma sentença de morte. Se a gente descobre no início, a gente cura essa paciente”, afirma a médica. A oncologista reforça a importância da prevenção: “A partir do momento que a mulher conhece o seu corpo, ela vai notar alguma coisa diferente e a partir disso vai procurar o clínico na sua UBS”.

(Agência Brasília)

Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

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