O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou neste domingo (10/11) que renuncia após as Forças Armadas “sugerirem” que ele deixasse o cargo. Morales governava o país desde 2006.
“Houve um golpe cívico, político e policial. Meu pecado é ser indígena, líder sindical e plantador de coca”, disse Morales, ao comunicar sua decisão em um pronunciamento na televisão ao lado de seu vice-presidente, Álvaro García Linera, e Gabriela Montaño, ministra da Saúde e ex-presidente do Senado.
Morales justificou sua renúncia para evitar a continuação da violência no país após três semanas de confrontos entre seus apoiadores e seus críticos. “A vida não acaba aqui, a luta continua”, disse ele no final de seu discurso.
García Linera disse que também deixa seu cargo. “O golpe foi consumado”, afirmou Linera.
A terceira na ordem de sucessão era a presidente do Senado, Adriana Salvatierra, que também anunciou sua renúncia. O quarto, Victor Borda, presidente da Câmara dos Deputados, também renunciou.
O ex-presidente Carlos Mesa, que ficou em segundo nas eleições de outubro, comemorou o anúncio falando sobre “fim da tirania”.
“À Bolívia, ao seu povo, aos jovens, às mulheres, ao heroísmo da resistência pacífica. Eu nunca esquecerei este dia único. O fim da tirania. Grato como boliviano por esta lição histórica. Viva a Bolívia!!!!!”, publicou Mesa em sua conta no Twitter.
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) comentou a renúncia de Morales em sua conta no Twitter. “Denúncias de fraudes nas eleições culminaram na renúncia do presidente Evo Morales. A lição que fica para nós é a necessidade, em nome da democracia e transparência, contagem de votos que possam ser auditados. O VOTO IMPRESSO é sinal de clareza para o Brasil!”, afirmou.
Por sua vez, os governos cubano e venezuelano – que já haviam manifestado seu apoio a Morales – consideraram estes acontecimentos como um “golpe”.
Acusações de fraude nas eleições foram estopim de crise
Os problemas de Morales começaram na mesma noite das eleições, quando o STE suspendeu a rápida contagem dos votos quando a apuração estava 83% concluída. Uma tendência indicava que haveria um segundo turno entre o presidente boliviano e Mesa.
No dia seguinte, a apuração foi retomada com 95% dos votos contabilizados e indicando que Morales venceria no primeiro turno por uma margem estreita, mas suficiente para lhe garantir o quarto mandato.
(BBC Brasil)