O governo da Colômbia anunciou no sábado (23) a captura do narcotraficante mais procurado do país, Dairo Antonio Úsuga (codinome ‘Otoniel’), por quem os Estados Unidos ofereciam uma recompensa de cinco milhões de dólares.
“Este é o golpe mais duro que se desferiu no narcotráfico neste século no nosso país (…) comparável somente com a queda de Pablo Escobar”, comemorou o presidente, Iván Duque, em mensagem à nação.
A queda do líder da maior quadrilha de traficantes da Colômbia é o principal êxito do governo do presidente conservador no combate ao crime organizado no país que mais exporta cocaína no mundo.
Imagens divulgadas pelo governo mostram o homem de 50 anos com as mãos algemadas e cercado por militares. Otoniel, denunciado pela justiça americana em 2009, enfrenta um processo de extradição para se apresentar à corte do Distrito Sul de Nova York.
Úsuga lidera um grupo de paramilitares que se autodenomina Autodefesas Gaitanistas da Colômbia (AGC), presente em quase 300 cidades do país, segundo o centro de estudos independente Indepaz.
O líder do tráfico foi capturado no município de Necoclí (noroeste), próximo da fronteira com o Panamá e um dos principais redutos das AGC, também conhecidas como Clã do Golfo.
O governo aponta o grupo, que se financia principalmente com o narcotráfico, o garimpo ilegal e a extorsão, como um dos responsáveis pela onda de violência que assola o país, a pior desde a assinatura de um acordo de paz com a guerrilha das Farc, em 2016.
– Perseguição feroz –
Em 2017, Otoniel tinha anunciado a intenção de chegar a um acordo para se apresentar à justiça, mas o governo respondeu com uma perseguição feroz, da qual participaram pelo menos 1.000 militares.
A organização foi dizimada em uma série de investidas das autoridades contra o círculo próximo do líder do narcotráfico, que se escondida dormindo na selva e descartando o uso de telefones, segundo a polícia.
‘Otoniel’ passou a chefiar o Clã do Golfo após a morte de seu irmão, Juan de Dios, aliás ‘Giovanni’, em confrontos com a polícia em 2012. Ele combateu junto ao Exército Popular de Libertação, uma guerrilha marxista desmobilizada em 1991.
Voltou a combater junto a grupos paramilitares de extrema direita, que semearam terror nos anos 1990 com massacres e atrocidades cometidas em sua luta contra as guerrilhas de extrema esquerda.
Muitos destes grupos de autodefesa se desmobilizaram em 2006 por iniciativa do governo de Álvaro Uribe (2002-2010). Mas ‘Otoniel’ decidiu se manter na ilegalidade.
(Istoé)
Foto: Reprodução/Google Imagens