Os Jogos Olímpicos de Tóquio, adiados para julho de 2021, serão um evento “especialmente arriscado”, exigindo flexibilidade dos organizadores em meio à incerteza da pandemia do novo coronavírus (covid-19), principalmente se uma vacina ainda não tiver sido criada até então, afirmam especialistas médicos.
O Japão e o Comitê Olímpico Internacional (COI) tomaram a decisão sem precedentes de adiar os Jogos de Tóquio por um ano, enquanto o mundo luta contra o vírus que infectou mais de 2,4 milhões de pessoas e matou mais de 160 mil em todo o mundo.
Mas persistem dúvidas sobre se os Jogos podem ser realizados daqui a 15 meses, pois a fabricação de uma vacina ainda pode demorar pelo menos um ano, segundo as estimativas mais otimistas.
“Quando falamos em voltar a ter eventos esportivos com torcedores em estádios lotados, acho que é algo que teremos que esperar pela vacina [para ver acontecer]”, disse Zach Binney, epidemiologista da Emory University (Estados Unidos).
Com a próxima edição dos Jogos remarcada para o período de 23 de julho e 8 de agosto de 2021, os organizadores esperam poucas mudanças no plano original dos Jogos, incluindo a participação de apoiadores.
Contudo, isso pode ser muito otimista, disse Binney, especialista em aspectos da saúde dos atletas.
Ele espera que uma vacina possa levar um ano e meio para estar pronta a partir do início do surto, talvez no final de 2021, no mínimo.
Os Jogos Olímpicos são “um evento exclusivamente arriscado”, acrescentou, em razão das ameaças representadas pelos visitantes que chegam de áreas com muitas infecções e pelo fluxo reverso depois, no retorno para casa, de pessoas portadoras de infecções.
Mesmo tendo mais esperança de que uma vacina seja encontrada dentro de um ano, Jason Kindrachuk, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Manitoba (Canadá), sinalizou um risco de mais atraso nos Jogos, pois o esforço de vacinação levaria algum tempo.
“Você quer as pessoas vacinadas não exatamente no momento das Olimpíadas, mas um pouco antes, para que elas criem uma imunidade protetora”, declarou Kindrachuk, que trabalhou no combate a surtos de Ebola e Sars.
Kentaro Iwata, que chamou a atenção internacional por suas críticas ao governo japonês após uma visita em fevereiro ao navio Diamond Princess, em quarentena com milhares de passageiros, expressou pessimismo em relação à nova data.
“Não acho que os Jogos Olímpicos serão realizados no próximo ano”, disse Iwata em uma entrevista por videoconferência ao Clube de Correspondentes Estrangeiros do Japão.
Em resposta, o Comitê Organizador de Tóquio 2020 disse que se concentraria apenas na entrega dos Jogos no próximo ano.
“A missão é preparar o palco para o próximo verão. Não achamos apropriado responder a perguntas especulativas”, declarou Masa Takaya, porta-voz do Comitê Tóquio 2020.
(Agência Brasil)