Na última sexta-feira (14), a população brasiliense amanheceu com a notícia de que um integrante da facção criminosa mais perigosa do país, o PCC, havia sido preso pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), na noite de quinta-feira (13), na Cidade Estrutural. Essa não é a primeira vez que ocorre a prisão de um comparsa de Marcos Camacho, o Marcola, chefe da facção que está preso na Papuda desde março de 2019, no Distrito Federal ou na região do Entorno.
O PCC aos poucos está se instalando na capital federal. As forças de segurança pública do DF já vem acompanhando a movimentação do grupo antes mesmo da transferência do chefão para a Penitenciária Federal de Brasília, em um acordo feito entre o governo federal e a Justiça, o qual o governo local não foi sequer consultado.
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), vem protagonizando um embate público contra o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, pedindo para que transfiram Marcola para outro lugar. A celeuma foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF). Em entrevista para o Estadão, na quarta-feira (12), Ibaneis Rocha disse que “como não conseguimos pela diplomacia, tentamos agora pela Justiça”, observou.
Já o ministro Sérgio Moro, que quer que Marcola continue em Brasília, criticou a atitude do governador Ibaneis de levar o caso para a Justiça. Segundo Moro, “os presos dentro desses estabelecimentos não oferecem risco para quem está fora”. Na quinta-feira (13), o ministro do STF, Luís Roberto Barroso, pediu esclarecimentos à Advocacia-Geral da União (AGU) sobre a vinda de Marcola para Brasília e deu prazo de 72 horas para que o governo se posicione no Tribunal.
Pelo sim, pelo não, enquanto os trâmites legais estão correndo o prazo, a população está com medo e a presença de Marcola no Presidio Federal contribui para aumentar a sensação de insegurança, em especial, para os moradores das regiões administrativas próximas ao Complexo Penitenciário da Papuda, como Jardim Botânico, São Sebastião, Jardim Mangueiral e condomínios da região.
A professora do departamento de Sociologia e pesquisadora do Núcleo de Estudos sobre Violência e Segurança (Nevis) da Universidade de Brasília (UnB), Dra. Analia Soria Batista, disse ao Expressão Brasiliense que as famílias e integrantes do grupo têm como prática formar uma rede e se instalar nas adjacências dos presídios.
“É comum que esse pessoal venha a morar próximo aos presídios onde estão os membros de seu grupo, alugando as propriedades mais discretas disponíveis. E esta movimentação é visível na região”, observa.
Analia destaca que o poderio econômico da facção é um fator que faz a diferença onde o grupo atua.
“Preocupa o impacto contraditório do ponto de vista econômico. De um lado, a situação pode afetar negativamente o preço dos imóveis. De outro, pode se verificar um aumento do consumo mobilizado pelos membros da rede criminosa”, explica a pesquisadora.
Para a professora, aos poucos a rede do PCC vai se infiltrando na sociedade.
“Os membros da facção podem se misturar facilmente com a população local, frequentando bares e restaurantes, capilarizando atividades criminosas, como o tráfico de drogas e armas. O PCC possui muito dinheiro e age no recrutamento de novos integrantes, especialmente os jovens que estão sem ocupação”, ressalta.
Da Redação do Expressão Brasiliense