Os novos preços começaram a valer neste domingo, sendo esta segunda-feira o primeiro dia útil com os valores aumentados. As alterações devem impactar a população e o comércio.
O aumento no preço das passagens entre Plano Piloto e Entorno deve impactar empresas e trabalhadores que vivem na região. O ajuste foi autorizado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), na última sexta-feira (16), e os aumentos variam de 5% a 7%. Os novos preços começaram a valer neste domingo (18/2).
Moradores de regiões como Brazilinha, Águas Lindas e Luziânia devem sentir esse aumento no bolso. “Essas passagens interferem tanto nas despesas diretas dos empregados quanto no custo das empresas, que bancam esses aumentos. O tamanho do impacto depende muito da quantidade de trabalhadores em regiões distantes e de onde eles vivem”, afirma Adelmir Santana, presidente da Federação do Comércio do Distrito Federal (Fecomércio).
Segundo ele, o Plano Piloto recebe, diariamente, quase 1 milhão de trabalhadores formais e informais. “Eles vêm em busca de oportunidades e isso acaba prejudicando a todos, empregados e empregadores. Até o preço final dos produtos pode sofrer impacto”, finaliza.
Jael Antônio da Silva, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), também critica o aumento. “É algo muito ruim para os empresários, nesse momento de crise, vem mais um custo. Atualmente, grande parte dos empregados de bares, hotéis e restaurantes trabalha fora do Plano e isso afeta muito a todos”, afirma Jael.
Para ele, no primeiro momento, a maioria dos empresários deve absorver os custos e tentar não repassar esse aumento ao consumidor. “As empresas perderiam muitos clientes se repassassem esse aumento agora. Todos terão que fazer uma análise e segurar os custos para manter os clientes”, destaca.
Impacto para o trabalhador
O fotógrafo Ravel Luz, 26 anos, tem um estúdio na quadra 306 da Asa Sul e afirma que o valor da passagem afeta seu orçamento, principalmente pelo fato de ser um trabalhador autônomo. “Eu moro no Valparaíso e a frequência de ônibus para lá é bem menor. Muitas vezes, tenho que pegar um ônibus e descer na BR-040 para pegar um circular”, afirma o fotógrafo, que vai de segunda a sexta-feira para o Plano Piloto a trabalho e, muitas vezes, também nos fins de semana. Antes do reajuste, Ravel costumava gastar, em média, R$ 65 de passagem por semana.
Ana Luiza Martins, 22, é monitora em uma clínica para pessoas especiais e estuda serviço social na UDF. Ela mora em Valparaíso e pega ônibus todos os dias para o Plano e, por vezes, de dois a quatro coletivos no mesmo dia. “Mesmo que sejam poucos centavos de aumento, cada moedinha faz diferença no fim do mês. Quando o ônibus não passa tenho que pegar mais de um para chegar ao trabalho, que fica na Asa Norte”, afirma a estudante. A dupla jornada gera mais aumento para Ana Luiza, que precisa cortar gastos em outras áreas para bancar as passagens.
Segundo a ANTT, o aumento nos bilhetes é necessário para “manter o equilíbrio econômico-financeiro”. A alteração é anual e leva em conta fatores como o aumento de combustível, peças e acessórios, novos veículos, além de despesas com funcionários.
Matéria do Correio Braziliense
Foto: Google Imagens