A chegada do período de seca deve favorecer a queda no número de casos de dengue no Distrito Federal. De forma atípica, a circulação de um novo sorotipo do vírus causador da doença, o do tipo 2, elevou a incidência de casos, com predominância deste vetor, nas últimas quatro semanas, de acordo com dados da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do DF.
A comparação do quadro de casos de dengue do mês de abril apresenta um cenário de declínio para maio, de acordo com o último Boletim Epidemiológico. Em função das ações adotadas pela pasta, como o trabalho de combate ao mosquito e a conscientização da população, feitos em parceria com técnicos da secretaria, homens do Corpo de Bombeiros, do SLU, militares do Exército, administrações regionais, Novacap, Adasa, secretarias de Educação, das Cidades e da Agricultura, e Casa Civil, a perspectiva é de que, ao final do mês de maio, o DF apresente um quadro bem mais favorável.
O diretor de Vigilância Epidemiológica da secretaria, Délmason Carvalho, confirma que, das 606 amostra coletadas nas últimas semanas, dois terços (443) são de dengue do tipo 2, cuja predominância não existia no DF. “Aparentemente, a curva de ascendência chegou ao teto do platô, depois de cinco semanas em que a incidência está estacionada no número máximo. Acreditamos que, na seca, com a redução da chuva, teremos ainda duas semanas de manifestação de mosquitos, mas já alcançamos o máximo de pessoas acometidas por dengue”, acredita ele.
AGRAVANTE – Délmason Carvalho lembra que, em 2016, ano de epidemia, foram registrados 17.718 casos prováveis da doença e apenas sete casos de contágio pelo vírus do tipo 2. “Hoje, no entanto, o tipo 2 está predominando na transmissão. E quem já teve dengue, se tem contato com o tipo novo em circulação, há uma possibilidade maior de desenvolver casos graves”, alerta.
Em 2019, no período mais crítico, já somam 17.304 casos prováveis da doença. A média de incidência acumulada foi de 557,97 casos por grupo de 100 mil habitantes no DF, quando o patamar normal, de baixa transmissão, fica abaixo dos 100 casos por 100 mil habitantes.
De acordo com Fabiano Martins, da Gerência de Vigilância das Doenças Transmissíveis da secretaria, a situação epidemiológica, hoje, está associada a dois fatores – a introdução do novo sorotipo, agravado pelo fato de que, nos últimos 20 anos, houve predominância da dengue do tipo 1.
CHUVAS – “No quadro atual, além de termos o novo sorotipo circulando, tivemos uma condição climatológica atípica, com mais chuva e temperaturas mais elevadas, o que facilitou a proliferação do vetor transmissor da doença”. Fabiano lembra que, normalmente, no Centro-Oeste, a chuva termina em abril, mas, neste ano, se estendeu até maio, “um fato complicador”, reforça o técnico da Saúde.
A Secretaria de Saúde alerta que é preciso manter os cuidados preventivos e vai aguardar os próximos boletins para confirmar essa tendência de diminuição nos casos de dengue. “Estamos vivendo uma situação nova de dengue. E se não tivéssemos feito nada, a situação seria muito pior”, reforça Délmason Carvalho.
Durante o período sazonal de manifestação da doença, a pasta mobilizou, além dos 542 agentes de Vigilância Ambiental, mais 30 militares do Corpo de Bombeiros e 138 homens do Exército, somados aos servidores dos outros órgãos que colaboraram nas diversas ações de combate ao Aedes aegypti realizadas em todas as regiões administrativas do DF. Foram inspecionados 389.264 imóveis, o fumacê foi aplicado em 453.250 imóveis, com instalação de 653 armadilhas no Gama, Recanto das Emas e Estrutural.
No início de 2019, o governador Ibaneis Rocha declarou estado de emergência na saúde do Distrito Federal “e a resposta a essa situação emergencial está se dando desde janeiro”, lembra Délmason Carvalho.
Fonte: SES/DF