Tem uma frase que caiu no gosto dos bolsonaristas durante as eleições e que hoje representa muito bem o momento atual que estamos vivendo no cenário político brasileiro: é bom “Jair” se acostumando. Infelizmente, o jargão caiu como uma luva sobre a possibilidade dos partidos do Centrão embarcarem no governo do presidente Jair Bolsonaro. Até poucos dias atrás, líderes partidários como Roberto Jefferson (PTB), Valdemar Costa Neto (PL), Gilberto Kassab (PSD), Arthur Lira (Progressistas), entres outros, eram considerados inimigos mortais do atual governo. Mas, a mesa virou.
A crise política gerada com a saída do ex-juiz federal Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública resultou na aproximação dos partidos do Centrão. E como eles sabem que, agora mais do que nunca, Bolsonaro precisa do apoio dessas legendas para evitar contratempos no Congresso Nacional, apresentaram uma fatura alta. Esses partidos sabem os caminhos das pedras no governo federal e, aparentemente, pediram cargos considerados de segundo e terceirão escalão, porém, importantes para o funcionamento da máquina pública, em especial, porque lidam com muito dinheiro. A movimentação não deixa dúvidas que a intenção desse pessoal não é ajudar o Brasil e sim a eles mesmo.
Caso a porteira para o Centrão seja aberta, o presidente perderá o apoio daqueles que acreditaram que ele faria diferente e que uma nova política surgiria com a sua ascensão ao Palácio do Planalto. No entanto, Bolsonaro sabe que não tem muito o que fazer. Com isso, ou ele cede a sede de poder das velhas raposas ou poderá ter que encarar um processo de impeachment, que é a vontade de uma parcela significativa de parlamentares do Congresso.
Atualmente, o Centrão tem uma bancada de mais de 200 deputados, o que pode ser decisivo caso o governo não consiga conter a tramitação de um dos muitos pedidos de abertura de processo de impeachment do presidente que aguardam uma posição do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Só nos resta esperar para ver quem vai ser acostumar primeiro.
Por José Fernando Vilela