• 26 de abril de 2024

VACINA CONTRA COVID | Afinal, qual é a mais eficaz?

Por José Fernando Vilela

Diante de tantas notícias de que uma vacina é melhor que a outra ou a da marca “x” é melhor que marca “y” por ter um nível de eficiência superior, muitos brasileiros estão se perguntando: o que significa essa tal eficácia de uma vacina? Qual eu devo tomar? Qual o governo vai nos oferecer. Enfim, os questionamentos são diversos, porém o que interessa mesmo é que a vacina cumpra seu papel de imunizar e proteger contra o coronavírus.

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Aqui no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está analisando a documentação apresentada por dois laboratórios que solicitaram autorização para uso emergencial de suas vacinas. São eles: Instituto Butantan e Fiocruz. Neste domingo (17), a diretoria colegiada da agência reguladora irá se reunir para apreciar os pedidos feitos por esses dois laboratórios e dar o seu parecer se aprova ou não uso dessas vacinas emergencialmente. A Janssen e a Pfizer deram entrada na documentação para habilitar suas vacinas, porém, não solicitaram o uso emergencial.


Para saber qual é o percentual de eficácia de uma vacina, ela deve passar pelas três fases dos testes clínicos exigidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Somente após a conclusão desses testes é que se verifica a eficácia da vacina. Entre as duas vacinas que estão sob análise da Anvisa, a do Instituto Butantan apresentou 50,4%. A da Fiocruz, 70%.


Eis que surge então a dúvida: qual delas eu devo tomar? De acordo com a OMS, para uma vacina atingir o seu objetivo ela deve ter eficácia acima de 50%. Até setembro do ano passado, o órgão se manifestava que o mínimo exigido seria 70%, mas, diante do cenário o padrão aceito ficou em 50%. Sendo assim, as duas vacinas que podem ser liberadas para uso emergencial neste domingo estão aptas a imunizar a população.

A professora titular da área de imunologia da Universidade de Brasília (UnB), Anamelia Lorenzetti Bocca, explicou ao Expressão Brasiliense como se dá esse processo para aferir o percentual eficiência de uma vacina. Ela destacou que os parâmetros utilizados pelos dois laboratórios foram diferentes. Confira abaixo:

Expressão Brasiliense: O que significa esse percentual de eficácia da vacina?

Anamelia Lorezentti Bocca: A eficácia, de modo bem simples, é calculada pela comparação entre o grupo vacinado e o não vacinado e faz a conta: E = [1- (% vacinados doentes / % placebo doentes)] x 100

Este percentual é definido com parâmetros pré-estabelecidos. Se o parâmetro fosse apenas ficou doente ou não ficou doente, seria fácil comparar, mas cada empresa que testa sua vacina e/ou medicamento define quais os parâmetros que quer analisar, o que explica as diferenças entre as vacinas.

Agora os parâmetros são diversos em uma doença como a Covid-19, porque não se considera somente se ficou doente ou não, mas quais sintomas apresentaram e a intensidade dos sintomas.

EB: Existe algum parâmetro mínimo de eficácia de uma vacina para que ela possa ser aplicada?

ALB: Considerando que você (EB) está chamando de “parâmetro” o número, a Organização Mundial de Saúde diz que a eficácia deve ser de no mínimo 50%. Por isso, foi anunciado que a CoronaVac estava no limite inferior de eficácia.

EB: Uma vacina com baixo percentual de eficácia, ela pode comprometer a imunização da pessoa ao coronavírus?

ALB: O conceito de imunização individual não está simplesmente relacionado a ser refratário a doença, mas também em desenvolver uma doença mais branda, com um sistema imunológico com melhores condições de enfrentar o patógeno.

Se o percentual de eficácia for um pouco acima de 50%, baseado somente em ter ou não a doença, ela garante que a pessoa tenha 50% de chance de estar protegida da doença. O que já é um bom número considerando a pandemia que estamos vivendo e a criação da imunidade de rebanho.

Quando a gente adiciona nesta análise parâmetros de gravidade da doença, as pessoas vacinadas, mesmo que tenham sido infectadas, podem apresentar sintomas muito mais leves, o que pode significar não precisar de internação hospitalar ou ir para UTI, por exemplo.

Então, a vacina com percentual de eficácia menor não compromete a imunização do indivíduo.


Foto: Arquivo Pessoal

Então, a vacina com percentual de eficácia menor não compromete a imunização do indivíduo.


EB: Qual seria o percentual ideal de eficácia de uma vacina?

ALB: Se o objetivo da vacinação for impedir que as pessoas fiquem doentes, para eliminar a doença do planeta, o ideal que seja acima de 100%, mas a OMS aceita como bom o índice de 70%.

Se o objetivo é conter um processo de pandemia, o valor de 50% é aceitável, porque além da proteção individual da pessoa, também tem a redução dos sintomas clínicos da doença.

E as vacinas, cujo objetivo é conter a pandemia, também colaboram com a imunidade de rebanho, que só é alcançada com os processos de vacinação.

A vacina da influenza, em pessoas de 18 – 65 anos, apresenta uma eficácia de 59%, e tem protegido a população de mortes decorrentes da gripe.

Se usarmos os valores da CoronaVac por exemplo, protege 50,4% de contrair a doença, mas protege acima de 70% dos sintomas mais moderados e 100% dos sintomas graves. Precisamos ter cautela em comparar a eficácia das vacinas em análise agora, porque os parâmetros analisados foram diferentes.

Foto principal: Reprodução Google Imagens

Expressão Brasiliense

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